Após libertação de Mossul, Iraque conseguirá estabilidade?

© AFP 2023 / THOMAS COEXMilitares dos EUA em Mossul, Iraque, 23 de novembro de 2016
Militares dos EUA em Mossul, Iraque, 23 de novembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Na segunda-feira (20), o premiê iraquiano, Haider Abadi, encontrou-se com o presidente americano Donald Trump, 5º presidente consequente que continua bombardeando o Iraque.

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A Sputnik Internacional falou com Raed Jarrar, especialista do Comitê de Serviços de Amigos Americanos (entidade religiosa que trata da ajuda humanitária e social), sobre a presença dos EUA no Iraque e da hipótese de ela mudar ou ficar na mesma no mandato de Trump.

Antes de partir para os EUA, Haider Abadi lançou uma mensagem de vídeo, onde afirmou que seu país alcançou fase final de expulsão do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia). Porém, o entrevistado confessou à Sputnik que, em sua opinião, o futuro do país é muito mais nebuloso.

"Há uma possibilidade de que o Daesh seja forçado a deixar Mossul", disse. "Mas a pergunta é se isto vai levar a mais estabilidade, do que eu duvido muito, já que isto não será uma libertação — quando forças iraquianas ou outras milícias violentas obrigarem o Daesh a devolver seus territórios, pois as forças iraquianas não passam de milícias violentas", continuou.

Jarrar afirma que as forças de segurança iraquianas "têm cometido violações de direitos humanos que em alguns casos foram ainda piores do que as do Daesh", e elas "não estão colocando o Iraque em um caminho de paz e estabilidade", mas, pelo contrário, arrastam-no para "mais um ciclo de morte e destruição".

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Basta relembrar que o presidente americano Donald Trump deu ao Secretário de Defesa, James Mattis, o prazo de 30 dias para traçar um plano de destruição de extremistas, afirmando que ele pretende tomar uma postura mais agressiva do que a do seu predecessor, ex-presidente Barack Obama.

O especialista propôs que "o mero fato do efetivo militar ter sido encarregado de derrotar o Daesh é um sinal da falta de estratégia integrada", e os planos de Trump "se baseiam na mesma teoria que os EUA têm usado ao longo da última década". "Muitos iraquianos, habitantes da região e americanos têm falado sobre a necessidade de ferramentas não militares para derrotar violência e extremismo no Iraque e na região", concluiu.

"Então, qualquer que seja o plano, o mero fato de estarmos falando dos planos militares de lançar mais bombas e enviar mais tropas com a esperança de estabilizar o Iraque não parece ser uma estratégia nova, não parece algo que possa mudar a situação no terreno", acrescentou.

O jornalista iraquiano afirmou estar "cético" quanto a alguma mudança considerável da política americana no Iraque.

Levando em consideração que, há pouco tempo, três grupos minoritários, em declaração conjunta, apelaram para criação de Estados autônomos, pode-se dizer que todos estes processos são uma parte da trajetória única e antiga.

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"Esta trajetória tem sido presente desde a queda de Bagdá em 2003", explicou. "Os EUA introduziram a ideia e o fundamento que levaria à divisão do Iraque entre os encraves étnicos, religiosos e sectários… O modelo de governança introduzido pelos EUA em 2003 encorajou para que esta política de identidade se tornasse no modelo principal para o Iraque. Então, em vez de um conceito do Iraque como um país unificado, chegam todas estas subidentidades que sucederão a identidade nacional", resumiu.

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