Quem e por que razão organiza protestos antirrussos na Turquia?

© AFP 2023 / OZAN KOSEManifestantes durante o protesto contra ações russas e sírias em Aleppo perante o consulado russo em Istambul, Turquia, 4 de dezembro de 2016
Manifestantes durante o protesto contra ações russas e sírias em Aleppo perante o consulado russo em Istambul, Turquia, 4 de dezembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Uma série de organizações sociais e de proteção dos direitos humanos turcas responderam à notícia sobre a libertação de Aleppo com protestos perante edifício do Consulado-Geral russo em Istambul.

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Os manifestantes gritaram lemas contra os governos da Rússia, Síria e Irã. A Sputnik Turquia tentou esclarecer quem organizou estas ações e qual foi o seu objetivo.

Os protestos ocorreram no meio de medidas de segurança reforçadas. O porta-voz do consulado russo, Sergei Losev, afirmou que durante os protestos o edifício esteve sob segurança redobrada.

Segundo fontes da Sputnik, um dos protestos foi organizado por dois movimentos de direitos humanos –  a associação de proteção da liberdade de expressão e direito à educação (Ozgur-Der) e a associação de proteção de direitos humanos e solidariedade com os oprimidos (Mazulum-Der). A primeira apoia os islamistas moderados, e a segunda defende as forças islamistas e de extrema-direita.

No mesmo dia o consulado enfrentou mais um protesto – desta vez da organização proibida na Rússia Hizb ut-Tahrir. 

Apoio das autoridades

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Segundo Ali Ozgunduz, do Conselho do principal partido oposicionista turco, o Partido Nacional-Republicano, os protestos foram autorizados e apoiados pelas autoridades turcas. Ao mesmo tempo, a maior parte dos participantes das ações eram membros de grupos jihadistas radicais.

''Sem dúvida, a liderança turca, o governo, o Ministério do Interior, a Direção de Segurança, foram informados sobre os planos de realizar estas ações. É impossível explicar de outra maneira o fato de a polícia, que em outras situações utiliza canhões de água e gás lacrimogênio, ter permitido <…> realizar protestos não somente sem intervir, mas até assegurando a segurança dos seus participantes'', disse.

Ozgunduz está seguro de que a maior parte dos participantes tem ligações com o partido no poder e pensa que as próprias autoridades turcas estiveram ligadas aos protestos.

''O fato de que um ex-presidente destas organizações ocupa hoje o cargo de presidente do parlamento, na minha opinião, indica que tais ações se realizam com a permissão das autoridades'', disse o deputado.

Fúria contra Rússia

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O assunto da libertação de Aleppo é muito sensível para a Turquia e, por isso, tais protestos significam que a comunidade turca está preocupada com a situação, disse à Sputnik uma fonte que preferiu ficar anônima. 

O especialista turco Ali Ergin Demirhan pensa que tais ações, apresentadas como humanitárias, podem tornar-se campanhas de apoio aos radicais.

''É possível dizer que participantes de tais ações consideram que são uma parte do conflito sírio. São movidos não pelo sentido de apoio ou solidariedade entre os povos, mas por uma mentalidade de invasor, pela aspiração de vencer no confronto'', notou ele.

Segundo Demirhan, as autoridades turcas têm apoiado as aspirações dos radicais de colocar islamistas no poder na Síria e espalhar a ideia de jihad.

''Agora enfrentam o fato de a liderança turca ter desistido dos seus planos referentes à Turquia após um acordo com a Rússia. Assim, para lidar com a ‘trauma’, representantes destas organizações, não tendo possibilidade de criticar a liderança turca, dirigem a sua fúria contra a Rússia'', disse. 

Reação natural

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O Fórum Social Russo-Turco chamou os protestos de ''expressão de humanidade''.

''O povo turco, como me parece, expressa o seu protesto justificado de forma correta porque conhece que influência a Rússia exerce sobre o regime sírio. A comunidade turca espera que a Rússia mostre humanidade e sensibilidade quanto à situação em Aleppo, é uma reação natural'', disse o copresidente do fórum, Ahmet Berat Conkar.

Entretanto, o deputado sublinhou que os protestos não afetarão as relações russo-turcas. ''À medida que as posições dos povos turco e russo se vão aproximando com a base em valores comuns, a Turquia e a Rússia, e a toda a região ganhará tranquilidade'', disse.

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