'Nos últimos anos de vida, Saddam Hussein escreveu romances ao invés de governar'

© Sputnik / Igor Mikhalev / Acessar o banco de imagensManifestação antimilitarista perto da embaixada dos EUA em Bagdá, 15 de janeiro de 1991
Manifestação antimilitarista perto da embaixada dos EUA em Bagdá, 15 de janeiro de 1991 - Sputnik Brasil
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A personalidade mundialmente conhecida, nos últimos anos de vida, dedicou-se a escrever romances, ao invés de comandar o país, desconhecendo a situação dos países vizinhos.

Isso contou ao jornal New York Daily News o investigador da CIA, John Nixon.

Saddam Hussein foi deposto em abril de 2003, após a invasão das forças da coalizão liderada pelos EUA e pelo Reino Unido. Supremo Tribunal do Iraque considerou-o culpado pela morte de 148 moradores da aldeia de Al-Dujail em 1982. O ex-líder iraquiano foi condenado à morte, sendo executado no final de dezembro de 2006.

No livro "O interrogatório de Saddam Hussein", que será lançado em 27 de dezembro, Nixon divide momentos desconhecidos por muitos. Somente Nixon pôde identificar Hussein através de suas cicatrizes e tatuagens, depois de os militares dos EUA o arrastarem para fora do esconderijo.

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Segundo ele, os primeiros interrogatórios revelaram que Saddam Hussein não estava plenamente consciente do que estava acontecendo no país. "Saddam estava ocupado escrevendo romances. Ele não controlava mais o governo… Parecia que Saddam não entendia o que estava acontecendo no Iraque da mesma forma que os seus inimigos britânicos e norte-americanos. Ele não estava por dentro das atividades de seu governo e não possuía nenhum tipo de plano de defesa iraquiana", informa o jornal, citando o livro de Nixon.

Segundo o autor do livro, Hussein não planejou quaisquer ataques a países vizinhos ou ocidentais, embora as acusações dos Estados Unidos estivessem embasadas em tais justificativas. Além disso, Hussein negou preparação de emboscada contra o presidente dos EUA, George H. W. Bush. O líder iraquiano reforçou que seu país não possui armas de destruição em massa e não representa ameaça alguma para outros países. "Espere o fracasso. Você entenderá que governar o Iraque não é tão fácil", pressentiu Hussein durante um dos interrogatórios.

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Nixon afirma que Hussein gostava de falar sobre suas esposas e também contou sobre a sua família, em especial, sobre o filho Uday, quem ele chamou de "um problema particular". De acordo com Hussein, Uday tinha vários carros de luxo em Bagdá, todos protegidos pelos militares. O líder iraquiano sentiu que isso poderia causar raiva entre os compatriotas que vivem em condições difíceis, e ordenou queimar os carros do filho. Uday foi assassinato por tropas dos EUA em Mossul em julho de 2003.

O investigador da CIA descreve em seu livro a execução de Hussein. "Fiquei impressionado pelo fato de Saddam possuir a aparência mais digna na sala [de execução]. Não foi por isso que morreram nossos meninos e meninas. Nem pelo novo Iraque — prometido pelo presidente Bush", escreve Nixon.

Uma comissão especial no Reino Unido (Comissão de Chilcott) em 6 de julho deste ano, divulgou os resultados da investigação das atividades do governo do país durante a preparação da invasão dos EUA  e da Grã-Bretanha no Iraque em 2003. A comissão concluiu que o governo britânico sob a administração de premiê-laborista Tony Blair cometeu um erro ao iniciar a invasão no Iraque: a decisão de começar a guerra foi tomada com base em dados imprecisos e incorretos, sem o apoio da maioria dos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, levando a consequências graves, sentidas até hoje.

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