Operação Fúria do Eufrates: o que se sabe até hoje sobre ofensiva contra Raqqa?

© REUTERS / Rodi SaidUm combatente norte-americano, que está lutando ao lado das Forças Democráticas da Síria, segura bandeira do seu país
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No domingo (6), as Forças Democráticas da Síria (SDF) lideradas por curdos começaram uma operação de larga escala para isolar e, consequentemente, libertar a cidade de Raqqa, a capital do autoproclamado califado do Daesh.

Há que destacar que isto foi possível devido ao fato de os responsáveis militares norte-americanos e turcos terem conseguido chegar a um acordo quanto ao ‘plano a longo prazo para conquistar, manter e governar’ a cidade dilacerada pela guerra.  

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Operação Fúria do Eufrates

A ofensiva, denominada oficialmente de ‘Operação Fúria do Eufrates’ (ou ‘Ira’), foi lançada em 6 de novembro pelas Forças Democráticas da Síria. Também se espera que a França, o Reino Unido e os EUA prestem ajuda usando sua Força Aérea. As SDF são uma aliança multiétnica composta por combatentes curdos, árabes, assírios, armênios, turcomenos e circassianos, sendo que o papel principal na operação vai ser desempenhado pelas Unidades da Proteção Popular (YPG) curdas.

A notícia foi comunicada pelas SDF na cidade de Ain Issa, situada a cerca de 50 quilômetros ao sul de Raqqa. Foi comunicado que cerca de 30 mil combatentes participarão da operação.

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Por quê Raqqa?

A cidade síria de Raqqa, cuja população é de cerca de 200 mil habitantes, tem sido controlada pelos jihadistas desde janeiro de 2014. Ela é considerada como a capital do califado que foi criado por este agrupamento terrorista e se veio espalhando por vastos territórios da Síria e do seu país vizinho, o Iraque.

Acredita-se que alguns dos líderes do Daesh, além de uns 5 mil radicais, estão em Raqqa neste momento. Na opinião de muitos, a libertação da cidade seria uma receita para o êxito do objetivo de enfraquecer e, mais tarde, aniquilar esta organização bárbara.  

Objetivo número um

Ao contrário daquilo que se poderia pensar, a libertação de Raqqa não é a questão mais importante.   

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O objetivo principal das SDF nesta etapa é isolar e cercar a cidade de Raqqa. Pelos vistos, o Pentágono quer impedir que os militantes do Daesh que se instalaram em Raqqa possam ajudar os jihadistas que estão combatendo em Mossul e vice-versa. Além disso, os responsáveis militares norte-americanos querem reduzir as capacidades dos terroristas para conduzirem operações fora da Síria, especialmente na Europa, na Turquia e nos EUA.

Não se espera que a operação que visa cercar a cidade de Raqqa aconteça num piscar de olhos. As SDF “estão avançando para sul com o fim de isolar os inimigos nas proximidades de Raqqa e na própria Raqqa”, disse o Chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford, no domingo (6).

"Nós sempre anunciamos que a fase de isolamento levaria meses."

O papel da Turquia

A Turquia tem expressado repetidamente a sua vontade de participar da operação para libertar Raqqa, frisando que os curdos (principais aliados dos norte-americanos no terreno), não devem encabeçar a ofensiva. No domingo (6), o Pentágono confirmou que os EUA e os responsáveis militares turcos chegaram a um acordo sobre um assunto que já tinha provocado tensões entre os dois aliados da OTAN ao longo de várias semanas.

Em outras palavras, Washington levou em consideração as preocupações turcas e decidiu que não seriam as SDF as forças que iriam libertar Raqqa. De fato, segundo diz Dunford, os arquitetos da política externa norte-americana sempre souberam que as SDF não seriam ‘a solução para manter e governar Raqqa’.

A liderança turca ainda não chegou a comentar a operação Fúria do Eufrates.

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Quem irá libertar Raqqa

Neste momento, a coalizão encabeçada pelos EUA e a Turquia estão se debruçando sobre a composição concreta das forças que serão encarregadas de expulsar o Daesh da cidade.  

"[A operação precisa], de uma força predominantemente árabe e sunita", especificou Dunford. "E há forças deste tipo. Há a oposição síria moderada, as forças sírias de confiança e o Exército Livre da Síria. Além disso, há quem possa prestar assistência no início da operação na própria Raqqa."

Muitos já questionaram porque é que existem os chamados rebeldes moderados, levando em conta que eles frequentemente conduzem operações conjuntas com organizações radicais como a Frente al-Nusra e outras.

É preciso não nos esquecermos que o Pentágono e a chefia das SDF parecem não ter consenso quanto às forças que acabarão por expulsar o Daesh de Raqqa.

"Pretendemos libertar os arredores, cercar a cidade, depois atacá-la e liberá-la", disse o porta-voz das SDF Talal Sillo.

Resposta dos EUA

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O Secretário de Defesa norte-americano Ashton Carter saudou o comunicado das SDF ao dizer que “o esforço para isolar e, por fim, libertar Raqqa marca a próxima etapa do plano da campanha da coalizão”. Ele também prometeu que a coalizão liderada pelos EUA empreenderia o máximo esforço para “possibilitar que as forças locais, tanto no Iraque como na Síria, derrotem o EI da forma que ele merece”.

Campanhas sobrepostas

Embora Raqqa seja mais pequena que Mossul, a campanha que visa libertar a cidade síria não será fácil, tal como todas as operações já efetuadas contra o terrorismo no Iraque e na Síria. Porque serão então as duas operações de alto risco contra o Daesh conduzidas ao mesmo tempo?  

Há duas semanas, Carter revelou que a batalha por Raqqa começaria dentro de várias semanas, adiantando que o Pentágono tinha bastantes recursos e capacidades para apoiar ambas. 

"Já faz muito tempo que este era o nosso plano e temos recursos suficientes para ambas as operações ", disse o ministro norte-americano.

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