Contatos entre Ancara, Damasco e Moscou ajudarão na saída para impasse sobre Síria?

© AFP 2023 / BULENT KILICMilitar turco na fronteira turco-síria, 1 de setembro de 2016
Militar turco na fronteira turco-síria, 1 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
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A França apresentou proposta de lançar uma ofensiva contra a cidade de Raqqa, considerada baluarte do Daesh na Síria.

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É evidente que na operação, que tem por objetivo libertar Raqqa, o Ocidente planeja usar combatentes curdos que ocuparam a estrada entre Raqqa e Mossul, fechando a principal rota dos militantes entre as duas cidades controladas pelo Daesh (organização terrorista proibida na Rússia).

O Ocidente aposta nas unidades das forças de autodefesa curdas na luta contra o Daesh. Sendo assim, Ancara está pensando seriamente em se juntar a Moscou e Damasco na coordenação das ações.

Em entrevista à Sputnik Turquia, Haldun Solmazturk, ex-chefe da Direção para Segurança Internacional do Estado-Maior das Forças Armadas turcas, informou que os EUA estão prestando apoio militar técnico, material e psicológico às unidades das forças de autodefesa curdas.

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Solmazturk é também presidente do Instituto "Turquia no século XXI" e cientista-chefe do Departamento de Segurança Internacional do Instituto Real de Relações Internacionais, general de brigada aposentado da Infantaria do exército turco.

Segundo ele, "uma aliança político-militar se formou entre os militares americanos e combatentes curdos. É evidente que durante a operação, que visa libertar e ocupar Raqqa, os EUA usarão as forças curdas em primeiro lugar".

O especialista destaca que a Turquia se opõe ao uso destas unidades, mas EUA rejeitam todas as reclamações turcas a esse respeito.

"Os receios turcos são claros. Ancara não quer que uma autonomia federativa curda surja na Síria, imagine um estado curdo independente", aponta Solmazturk.

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Ao mesmo tempo, ele explica que nem Damasco, nem Moscou quer divisão da Síria. Mas os americanos planejam tomar Raqqa apenas usando os combatentes curdos, sem pedir ajuda à Rússia e às forças legítimas do governo sírio, diz Solmazturk.

Na opinião do especialista, as divergências entre Ancara e Washington são causadas pelo "conflito dos interesses" na Síria e no Iraque. Ele acredita que não há terreno para interação turco-americana sobre a Síria, ao contrário, há apenas condições para conflito.

Solmazturk sugere que a saída para o impasse na Síria consista na interação trilateral entre Ancara, Damasco e Moscou.

"No momento, a Turquia está tentando fazer algo na Síria e no Iraque sozinha. Mas tais tentativas unilaterais apenas complicam a situação na Síria, que não é nada fácil. A Turquia tem interesse em cooperar com a Rússia e ajustar relações com Damasco", conclui.

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