Opinião: Kadhafi foi morto por ser contra bases militares estrangeiras na África

© AFP 2023 / PATRICK HERTZOGLibyan Colonel Moamer Kadhafi shows his plan for irrigating the Libyan desert by a system of artificial lakes and rivers at his bunker-camp in Tripoli. (File)
Libyan Colonel Moamer Kadhafi shows his plan for irrigating the Libyan desert by a system of artificial lakes and rivers at his bunker-camp in Tripoli. (File) - Sputnik Brasil
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O antigo vice-premiê da Líbia dos tempos de Muammar Kadhafi, Al-Taieb as-Safi, disse à Sputnik Árabe que o assassinato do líder da revolução líbia era esperado por causa da sua política de oposição ao Ocidente, que era positiva para o seu próprio país.

Trata-se da política de Kadhafi em relação à presença de bases militares estrangeiras no território da Líbia e na África em geral. O antigo “coronel” líbio era um adversário de qualquer presença militar estrangeira, especialmente da ocidental, no continente. 

“Em primeiro lugar Muammar Kadhafi, após a revolução de 1969, começou uma política ativa contra a presença militar estrangeira na Líbia e na África porque na altura as bases militares eram um meio de pressão sobre a política e economia da Líbia. Foi por isso que ele foi assassinado!”, disse as-Safi à Sputnik Árabe.

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Segundo ele, o antigo líder da Líbia protegia os interesses não só da Líbia, mas também de toda a região árabe e africana. 

“A sua morte pareceu uma vingança e não defesa dos interesses de alguém. Este fato é especialmente óbvio se tomarmos em conta a defesa dos interesses da região árabe na arena internacional por parte de Kadhafi e o fato de a Líbia ser um Estado independente nas suas decisões”, acrescentou. 

Em particular, o antigo vice-primeiro-ministro sublinhou que, por dezenas de anos, Kadhafi liderava a política de fortalecimento da África e maximização da sua independência, o que entrava em conflito com os planos do Ocidente e ameaçava a hegemonia dos EUA. No momento do assassinato de Kadhafi a Líbia era o único país na África que se atrevia a tomar decisões independentes em prol dos seus interesses nacionais e era exatamente este aspeto que não convinha ao Ocidente. Agora a Líbia depende de outros países em todos os sentidos: política e economicamente, no aspecto militar e até social.  

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Lembramos que os confrontos na Líbia iniciaram-se em 15 de fevereiro de 2011. O país foi um dos que experimentaram a Primavera Árabe – a onda de protestos antigovernamentais que atingiram a África do Norte e o Oriente Médio em 2010. O líder líbio Muammar Kadhafi, na tentativa de impedir as manifestações, foi acusado de violência em relação à população civil do seu país. Em março do mesmo ano, a França e a Grã Bretanha, apoiadas pelos EUA, iniciaram bombardeamentos do território líbio. O resultado da intervenção foi a morte de Kadhafi e uma enorme instabilidade do país em todas as áreas – política, econômica, etc. Até agora o país não possui um governo forte capaz de lutar contra terroristas (inclusive o Daesh proibido na Rússia) que avançaram no país. Desde 1 de agosto deste ano, os EUA recomeçaram os bombardeamentos da Líbia para "limpar" o país dos grupos terroristas.

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