Ataque aéreo dos EUA contra Exército sírio: ação 'deliberada' ou falta de coordenação?

© AFP 2023 / AHMAD ABOUDCidade de Deir ez-Zor
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O Pentágono afirmou que o ataque aéreo da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra posições do Exército Árabe da Síria (EAS) em Deir ez-Zor não foi intencional.

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As autoridades e os deputados russos consideram o ataque, o primeiro dos EUA contra tropas sírias, como uma ação "provavelmente deliberada" que poderá minar o cessar-fogo intermediado pela Rússia e EUA.

De acordo com o Ministério da Defesa russo, dois caças F-16 e dois aviões de ataque A-10, tendo entrado no espaço aéreo sírio a partir do Iraque, lançaram ataques aéreos contra a base do Exército sírio na região de Deir ez-Zor, deixando pelo menos 62 soldados sírios mortos e mais de 100 feridos.

'Ataque aéreo deliberado'

O primeiro vice-presidente da Comissão da Defesa e Segurança do Conselho da Federação da Rússia, Franz Klintsevich, afirma que o ocorrido em Deir ez-Zor no sábado não foi um acidente.

"Os Estados Unidos realizaram o ataque aéreo contra as forças do governo sírio deliberadamente e de forma pensada. Qualquer operação aérea é coordenada com os comandantes no terreno. Neste caso [os EUA] usaram as informações obtidas pelas suas unidades de inteligência infiltradas no Daesh", disse ele à RIA Novosti.

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O ataque aéreo contra o Exército sírio em Deir ez-Zor, acrescentou ele, reflete a duplicidade de padrões da América.

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Klintsevich explicou que os decisores políticos nos EUA perseguem apenas um único objetivo na Síria. "Eles querem depor o presidente Bashar Assad, levar a oposição ao poder e manter os seus interesses económicos", disse ele.

O senador também sugeriu que o ataque poderia ter sido "uma provocação, um desejo de ver como nós vamos reagir". Klintsevich destacou que os Estados Unidos não estão realmente interessados em destruir o grupo terrorista, que ainda controla grande parte do Iraque e da Síria.

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O representante permanente da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, mostrou a sua preocupação com o momento do ataque. "É muito suspeito que os Estados Unidos tenham optado por realizar este ataque aéreo neste momento particular", disse ele.

Se os EUA queriam ajudar as forças lideradas por Damasco a defender Deir ez-Zor, "deviam ter esperado alguns dias até que o acordo alcançado por Sergei Lavrov e John Kerry em Genebra sobre o centro de coordenação conjunto entrasse em vigor", observou o diplomata.

Churkin também disse que "alguns aspectos da situação mostram que isto pode ser também uma provocação". No entanto, ele também acrescentou que o ataque não significa que o acordo de cessar-fogo tenha sido suspenso.

O porta-voz do Ministério da Defesa russo, major-general Igor Konashenkov, observou que, se o ataque aéreo ocorreu por engano, isso foi "uma consequência direta da falta de vontade dos EUA de coordenar suas ações contra os grupos terroristas com a Rússia".

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O ataque aéreo contra o Exército Árabe da Síria em Deir ez-Zor representa um risco para os acordos de Genebra, disse Klintsevich.

"Se ataques semelhantes contra o Exército sírio continuarem, tal pode minar a aplicação dos acordos que a Rússia e os EUA atingiram em Genebra", disse ele. O senador está convencido de que a verdadeira razão por trás de ações dos EUA na Síria foi tornada pública e que muitos vão entender a verdadeira posição de Washington na Síria.

Klintsevich também disse que a Rússia e os EUA perseguem diferentes interesses na Síria. "Seus interesses não coincidem com nossos, são mesmo contrários."

EUA põem em risco processo de reconciliação no Oriente Médio

Sergei Gavrilov, deputado russo, presidente de um dos comités parlamentares da Duma de Estado, diz que o ataque da coalizão liderada pelos Estados Unidos arruinou os resultados atingidos nas negociações de 9 de setembro.

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"Eu acho que os Estados Unidos estão a arruinar os acordos a que Lavrov e Kerry tentaram chegar. Como resultado, Washington põe em risco o processo de paz no Oriente Médio", disse o deputado à RIA Novosti.

Gavrilov acrescentou que este incidente "dá a base suficiente" para a Rússia apoiar o governo sírio em sua exigência de alcançar a retirada  das forças estrangeiras, principalmente dos EUA e das tropas do Reino Unido, da Síria, bem como proibir os voos da coalizão liderada pelos Estados Unidos.

"Eu acho que as nossas forças de defesa aérea e a força aeroespacial russa têm capacidades de combate suficiente para passar sem a Força Aérea dos EUA na Síria", acrescentou.

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