Enfrentando terror: residentes de Aleppo se adaptam à vida normal

© Sputnik / Mikhail Voskresensky / Acessar o banco de imagensCrianças no bairro destruído da cidade de Aleppo, Síria, abril de 2016
Crianças no bairro destruído da cidade de Aleppo, Síria, abril de 2016 - Sputnik Brasil
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A vida na cidade de Aleppo é relacionada a batalhas ferozes, devastação e desespero. Mas existe outro lado da cidade, onde a morte e o terror são desafiados com a vontade de viver e de aproveitar a vida, disse à Sputnik o repórter, Naman Tarcha, natural de Aleppo.

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Antonietta, de 40 anos de idade, tem cidadania dupla e viveu tempo suficiente na Venezuela até perceber que não podia ficar longe da sua cidade natal, Aleppo. Depois de um ano vivendo na Venezuela, ela decidiu voltar a Aleppo para recuperar seu trabalho na biblioteca.

Um dia, enquanto mísseis dos rebeldes caíam pela cidade, um senhor de meia-idade entrava à biblioteca para fazer o cadastro de seu filho.

"Isso vai acabar", ele disse, "e vamos ficar bem".

Samir, que trabalha no hospital e tem 38 anos, disse que todas as janelas da casa onde ele vivia foram quebradas quando um míssil atingiu o prédio vizinho.

Depois de levar sua família para um lugar seguro, Samir voltou direto para o trabalho.

"Não há tempo a perder", disse ele, "eles precisam de mim".

Rima, mãe de 36 anos de idade, perdeu seu filho de 9 anos, enquanto ele, brincando na varanda, foi atingido por estilhaços de morteiro.

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Os 40 dias de luto se passaram e agora Rima trabalha como voluntária em um abrigo para famílias do bairro oriental de Aleppo, de onde o morteiro foi disparado, causando a morte de seu filho.

"Qui Aleppo"

Estas são apenas algumas das histórias que o repórter sírio Naman Tarcha, que está morando em Roma, recebeu de seu irmão e amigos, que vivem em Aleppo.

Esses contos de bravura que desafiam a selvageria estimularam Tarcha a lançar uma campanha no Twitter chamada "Qui Aleppo" — "Aqui Aleppo" em italiano. Amigos e parentes do repórter enviam imagens sobre vida cotidiana de um habitante de Aleppo.

"Diga-lhes que vamos continuar aqui e nunca vamos nos render", Tarcha cita a reação de seus amigos ao saberem sobre a intenção da Sputnik de conhecer suas histórias.

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"É o que dizem", acrescenta Tarcha, "em tempos de guerra, a decisão de permanecer é uma ação heroica".

"Em tempos de guerra, as ações simples do cotidiano, como ir ao trabalho, levar os filhos para a escola e jantar fora com os amigos se tornam a forma mais elevada de resistência contra as ameaças do terrorismo", Tarcha disse à Sputnik, "esta é a atitude dos habitantes de Aleppo".

Não é uma cidade fantasma

​A mídia de Aleppo se focaliza nas dificuldades enfrentadas pela população. Mas, ainda mais importante, de acordo com Tarcha, é a perseverança dos habitantes.

"As pessoas resistem, sem perder a esperança, a todas as dificuldades: o alto custo de vida, a falta de água potável e de eletricidade durante meses, bem como os mísseis e morteiros disparados por grupos armados."

Longe de ser uma cidade fantasma, Aleppo em breve poderá se transformar em uma Fênix, renascida das próprias cinzas.

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