A professora da Universidade de Oxford e responsável pelos estudos clínicos da "vacina de Oxford" no Brasil, Sue Ann Costa Clemens, disse em entrevista à CNN Brasil no último domingo (2) que a produção nacional de insumos para a fabricação das vacinas contra a COVID-19 pode ser a forma que o país terá de conseguir imunizar sua população.
O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que o lado positivo das perspectivas de vacinação é que o país tem contrato de transferência de tecnologia da vacina CoronaVac, com o Instituto Butantan, e da vacina Oxford/AstraZeneca, junto com a Fiocruz.
"Estes contratos preveem a transferência de tecnologia e isso possibilitará que o Brasil se torne autossuficiente na produção dessas vacinas", afirmou Juarez Cunha.
O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações observou, no entanto, o que o processo de transferência de tecnologia que prevê a produção do próprio IFA pelo Butantan e pela Fiocruz leva tempo.
"Tanto um produtor quanto o outro estão organizando e montando plantas para essa produção, mas eu imagino que antes do segundo semestre isso não seja possível. A partir do momento que tiverem essas condições todas, com certeza poderão produzir tudo o que a demanda nacional possibilitar, e até exportar para outros países", afirmou.
Juarez Cunha destacou que, para o Brasil vacinar toda a sua população, será necessária a utilização de outras vacinas e de outros produtores.
"Só na população de grupo prioritário são 80 milhões de pessoas, isso dá 160 milhões de doses, e se formos vacinar toda a população acima de 18 anos, precisaríamos de em torno de 340 milhões de doses. Então nesse momento, a curto e médio prazo, não temos autonomia para produzir isso, então com certeza precisaremos de outros produtos, de outros fabricantes para conseguir vacinar nossa população", acrescentou.
Ao traçar uma perspectiva sobre quando o Brasil poderia terminar dar conta de vacinar uma parcela significativa da população, o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) afirmou que, em consonância com a previsão do Ministério da Saúde, é possível que o país consiga terminar de imunizar o grupo prioritário, que corresponde a 80 milhões de pessoas, em julho ou agosto.
"Na realidade, a gente só não está conseguindo fazer com que nossa campanha acelere por falta de produtos, por falta de vacina. Se tivéssemos vacinas disponíveis, com certeza a nossa campanha estaria bem mais acelerada do que está", completou o especialista.