O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (11) novos dados sobre a inflação no Brasil, indicando que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,86% no último mês, maior alta para fevereiro desde 2016, quando o índice atingiu 0,90%.
O IPCA acumula alta de 1,11% no ano e de 5,20% em 12 meses.
A inflação de fevereiro medida pelo #IPCA subiu 0,86% frente a janeiro (0,25%), puxada pelo preço dos combustíveis. No ano, o índice acumula alta de 1,11%. Já o #INPC, que considera o consumo de famílias com renda de até 5 salários mínimos, subiu 0,82%. https://t.co/UbhOyiFXa7 pic.twitter.com/dcqS7J2bad
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em fevereiro também teve o seu pior resultado para o mês desde 2016, totalizando 0,82% — contra 0,95% há cinco anos. No ano, o INPC acumula alta de 1,09% e, nos últimos 12 meses, de 6,22%, segundo o IBGE.

O aumento dos preços se tornou motivo de mais preocupações para os brasileiros no contexto da pandemia da COVID-19, período durante o qual muitas pessoas perderam seus empregos, suas fontes de renda, ou passaram a contar com receitas menores do que as de costume. E, ao longo desse período, muitos itens básicos de subsistência tiveram aumentos bastante expressivos, por vezes, até bem acima da inflação. E o que muitos estão se perguntando é por que, afinal, o custo de vida não para de ficar mais elevado no Brasil?
Preço dos alimentos sobe 15% na pandemia, quase 3 vezes a inflação, diz IBGEhttps://t.co/ojNvqSaOAt
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No Brasil, desde o início dos anos 2000, a inflação vem sendo causada, normalmente, por "pressão de custo", em especial, por "choques de câmbio", ou por "inércia", "expectativa". É o que afirma, em entrevista à Sputnik Brasil, o economista André Nassiff, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Essa tendência, segundo o especialista, também é responsável pelos altos índices da inflação atual, devido à grande desvalorização do real frente ao dólar.
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"Para se ter uma ideia, a taxa de câmbio média em 2019, do ano inteiro, tinha sido em torno de R$ 3,98 por dólar. A taxa de câmbio média em 2020 ficou, mais ou menos, entre R$ 5,40, R$ 5,50 por dólar", afirma. "Isso, realmente, tem pressionado a inflação, seja pelo enorme aumento de custos decorrente da desvalorização cambial como também pelo impacto do câmbio sobre as expectativas, o que acaba realimentando políticas preventivas de preço."
O economista explica que, em sua opinião, a inflação deverá seguir "pressionada" ao longo de 2021, principalmente por conta das incertezas que estão "reinando no ambiente econômico brasileiro".
"Essa incerteza tem a ver, basicamente, com a falta de regras e de políticas econômicas claras do governo com relação a como vai tratar de forma mais proativa a questão dos impactos da crise sanitária, o problema das vacinas, o problema do controle da transmissão [do novo coronavírus]", aponta Nassiff. "A minha expectativa não é otimista com relação a isso não."
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Após interferência na Petrobras, pasta da Economia quer sinalizar ao mercado financeiro suas ambições liberais.
Sobrou para a Eletrobras. Entenda: https://t.co/Z527X0pRXq
O professor destaca que está havendo uma grande pressão do mercado financeiro para que o Banco Central aumente, imediatamente, as taxas de juros. E há "vozes que argumentam que o BC, muito provavelmente, vai aumentar os juros para tentar dar uma aliviada na taxa de câmbio". Mas esse caminho, para ele, não se justifica. Primeiro, porque "a ociosidade da economia brasileira é imensa" e o "desemprego continua escalando para níveis inimagináveis" e, em segundo lugar, porque o "Banco Central tem outros instrumentos para conter essa pressão".
"Eu acho que a política monetária não deve ser utilizada para, digamos assim, restaurar a estabilidade cambial no Brasil."
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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