Em conversa com apoiadores, Bolsonaro criticou a política de preços da Petrobras, afirmando que o reajuste de 32% no preço do óleo diesel foi "covardia". "Ninguém esperava essa covardia desse reajuste agora. Ninguém quer interferir, assim como não interferi na Petrobras, mas estão abusando", disse o presidente.
O economista e professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Milton Pignatari, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que o interesse de Bolsonaro no setor energético está ligado à situação estrutural de dependência que as matrizes energéticas do país têm da energia elétrica.

De acordo com ele, vários setores da economia foram prejudicados durante a pandemia e, infelizmente, muitos estão ligados ao setor energético.
"De uma maneira ou de outra, as matrizes energéticas do Brasil ainda são tipicamente matrizes voltadas para a energia elétrica e, consequentemente, isso faz com que o aumento nos preços de combustível, de óleo diesel, de energia elétrica, tudo isso seja repassado para o consumidor. E o consumidor neste momento está deficitário e com renda muito reduzida", afirmou.
De acordo com ele, a declaração do presidente também revela um interesse eleitoral para o ano que vem, considerando que o Brasil atinge um alto nível de desemprego e é interessante para Bolsonaro uma redução no custo médio dos gastos energéticos das famílias brasileiras.
Segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o sistema de bandeira tarifária teve um rombo de R$ 3,1 bilhões em 2020 por conta da pandemia. Para cobrir o prejuízo, a conta de luz deve sofrer um aumento neste ano.
O reajuste tarifário estimado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve ser de cerca de 13% neste ano, apesar do órgão afirmar que o impacto desse custo adicional nas tarifas só será fechado nas datas de reajuste de cada distribuidora de energia.
Intervenção no setor energético?
Ao comentar se a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre possíveis mudanças no setor pode representar uma desautorização da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Ministério das Minas e Energia, o economista Milton Pignatari afirmou que o presidente não deve anunciar uma redução de custos na energia elétrica sem diálogo com os órgãos competentes.
"Se isso fosse feito à revelia, como num decreto, eu acho que isso poderia mostrar uma desautorização ao Ministério de Minas e Energia, mas eu acho que isso não deve ser feito nesse momento. Acredito que isso será conversado com uma certa antecedência", afirmou.
O especialista destacou que o uso do termo "intervenção" não é o ideal para classificar a postura do presidente, mas disse acreditar que Bolsonaro deve manter firmeza no discurso para buscar respaldo com a equipe econômica.
"Ele [Bolsonaro] diz que não quer e não pode intervir, mas quando ele anuncia as medidas, de uma certa forma ele não está fazendo uma intervenção, mas ele está dizendo o seguinte: 'Eu acho que tem que ser dessa maneira e eu gostaria que vocês seguissem a minha ideia'", completou.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)