O estudo que mede o Índice de Confiança Empresarial (ICE), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que, após uma tendência de alta iniciada em julho, o ICE recuou 0,7% em médias móveis trimestrais. Em relação a novembro, a queda foi de 0,4%, chegando a 95,2 pontos.
O Índice de Confiança Empresarial mede o otimismo em relação à evolução da demanda a partir dos índices de confiança de quatro setores: indústria, serviços, comércio e construção.
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— FGV IBRE (@FGVIBRE) January 5, 2021
O superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV Ibre, Aloisio Campelo Junior, em entrevista à Sputnik Brasil, destacou que a recuperação da confiança empresarial no Brasil foi relativamente rápida durante a pandemia até o mês de setembro, quando chegou a ficar superior ao nível anterior à crise sanitária. No entanto, a perspectiva de uma segunda onda de COVID-19 e os atrasos do Brasil em relação à vacinação fizeram com que o índice sofresse uma queda.
"[A confiança empresarial] vem caindo nos últimos meses e refletindo já alguma desaceleração, e agora em dezembro houve uma preocupação com o fim destes pacotes emergenciais que foram criados em 2020, o que fez com que o Brasil piorasse muito a sua situação fiscal. E há a preocupação de uma perspectiva de uma nova onda de COVID-19 no Brasil, os últimos números são muito ruins e o Brasil está atrasado na perspectiva de uma campanha de vacinação", afirmou.
O estudo do FGV Ibre revelou que a confiança da Indústria cresceu 1,8 ponto em dezembro, mantendo uma tendência de alta, enquanto o índice do Comércio teve o pior resultado, registrando a terceira queda consecutiva, com um recuo de 1,8 ponto no último mês de 2020. Já a confiança no setor de Serviços voltou a subir em 0,8 ponto após dois meses de queda, enquanto a confiança na Construção ficou, aumentando 0,1 ponto.
De acordo com o superintendente de Estatísticas Públicas, já havia no radar das empresas a perspectiva de que a partir da virada do ano a situação seria mais complicada em função do fim do período de concessão dos auxílios emergenciais.
"Além disso, a gente teve que enfrentar os ajustes da parte do governo, já que a dívida pública aumentou bastante, beirando a 100% do PIB. E isso é um risco que o mercado tem avaliado. Então já vinha essa preocupação das empresas e agora em dezembro a gente nota também que há uma preocupação com a desaceleração em função das perspectivas da evolução da doença", complementou o especialista.
Outro fator citado por Aloisio Campelo para justificar a queda da confiança empresarial foi o significativo aumento de poupança por precaução no país no momento em que houve a injeção de auxílios emergenciais.
"Agora podemos ver que a intenção do consumidor continua cautelosa, ainda mais que a gente tem a onda de COVID-19 pela frente, então esse dinheiro não vai voltar, e quando voltar não vai voltar todo para o consumo, então já há uma preocupação de quão forte pode ser uma desaceleração da economia nesse primeiro semestre, mais especificamente nesse primeiro trimestre", argumentou.
O especialista acrescentou que há um clima de grande incerteza no setor empresarial por conta da questão fiscal, diante da expectativa se o governo vai conseguir manter o teto de gastos e o ritmo de recuperação da economia, tendo a pandemia como pano de fundo para este cenário.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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