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Fim do auxílio emergencial e 2ª onda da COVID-19 preocupam comércio, dizem representantes do setor

© Folhapress / Fernando Souza / AgifMovimentação nas ruas e comércio nos arredores do Mercado Popular do Saara, no centro do Rio de Janeiro, durante a pandemia da COVID-19, em 10 de julho de 2020.
Movimentação nas ruas e comércio nos arredores do Mercado Popular do Saara, no centro do Rio de Janeiro, durante a pandemia da COVID-19, em 10 de julho de 2020. - Sputnik Brasil
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O Natal, época de maior aquecimento das vendas durante o ano, gera expectativas especiais para alavancar o comércio. No entanto, representantes do setor demonstram receio com a continuidade da pandemia no Brasil e o seu impacto na economia.

Desde que, em junho, foi iniciado um processo de reabertura do comércio, o setor vem conseguindo um certo fôlego diante dos prejuízos causados pela pandemia da COVID-19.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que o comércio "conseguiu virar o jogo" durante o segundo semestre deste ano, tendo em vista a comparação com o mesmo período do ano anterior.

"As vendas passaram a registrar crescimento em junho e esse crescimento veio ganhando força ao longo do ano. Os últimos dados apontam para um crescimento de 8,3% das vendas do varejo na comparação entre outubro deste ano e outubro do ano passado", disse ele.

De acordo com o especialista, o setor conseguir achar uma saída para reaver o nível de vendas que se tinha antes da pandemia. Ele lembrou que o comércio tem um volume de vendas mensal 8% maior do que no início do ano.

Entretanto, mesmo com o impulso das vendas do Natal e o crescimento do comércio eletrônico, representantes do setor identificam uma insegurança maior dos consumidores diante das incertezas causadas pela pandemia.

Perspectiva das vendas no Natal

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil mostrou 54% dos consumidores devem presentear alguém no Natal deste ano, o que representa uma queda de 22% em relação ao ano passado. A estimativa é de que o setor do comércio e serviços movimente R$ 38,8 bilhões neste final de ano.  

O presidente da CNDL, José César da Costa, disse à Sputnik Brasil que a cifra "representa uma redução significativa frente à sondagem do último ano". De acordo com ele, a expectativa era de que fossem movimentados aproximadamente R$ 60 bilhões, mas, ainda assim, avaliou a cifra como "bastante expressiva", tendo em vista as adversidades provocadas pela pandemia em 2020.  

"A população está insegura em relação aos próximos meses, principalmente com o fim do auxílio emergencial. O clima de insegurança diante da pandemia ainda é uma realidade mundial. A alta do desemprego e o fim do auxílio emergencial nos próximos meses contribuem para esse cenário", avaliou.

No entanto, o presidente da CNDL reforçou que a data do Natal continua sendo a principal época de compras dos brasileiros e trará uma importante movimentação para o setor. Para ele, o comércio "conta com as vendas do Natal para a retomada econômica".

© Foto / Fernando Frazão/Agência BrasilComércio de rua no Rio de Janeiro
Fim do auxílio emergencial e 2ª onda da COVID-19 preocupam comércio, dizem representantes do setor - Sputnik Brasil
Comércio de rua no Rio de Janeiro

O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, por sua vez, destacou que as vendas no Natal vão ser impulsionadas pelo comércio on-line, que, segundo ele, deve crescer mais de 60% neste Natal. No entanto, a participação do comércio eletrônico no total das vendas do setor ainda é pequena, representando uma faixa de 6-7% do total, informou.

"O comércio eletrônico foi muito importante nessa virada de jogo do comércio, mas ainda tem muito o que crescer para que o setor consiga superar de forma definitiva os prejuízos causados pela pandemia", acrescentou. 

Segunda onda da pandemia

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (23), o Brasil registrou 961 mortes pela COVID-19 nas últimas 24 horas, chegando a um total de 189.220 óbitos. É o maior número de mortes registradas em um dia desde 15 de setembro. 

Para Fábio Bentes, o aumento no número de casos de COVID-19 preocupa o comércio, pois a circulação dos consumidores é fundamental para o setor. 

"A circulação ainda não voltou ao normal. Por mais que o comércio eletrônico tenha ajudado, uma segunda onda de casos de COVID-19, uma intensificação da pandemia, cria preocupações em relação ao início do ano que vem. Muito difícil prever até onde vai esse aumento no número de casos, mas esse é um fator que preocupa o comércio", disse. 

O presidente da CNDL, José César da Costa, também afirmou que a segunda onda da pandemia preocupa o setor, acrescentando que a economia está diretamente ligada à questão sanitária. 

"A insegurança continua em todo o mundo e isso impacta diretamente no consumo. A pandemia é um problema de saúde pública, mas que está diretamente ligada também à economia dos países. Em meio à pandemia, mesmo aqueles que pretendem comprar presentes parecem estar cautelosos com os gastos", completou o presidente da CNDL.

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