Reinício chinês: como seria a rivalidade EUA-China com Biden na Casa Branca?

© AP Photo / Lintao ZhangXi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013
Xi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013 - Sputnik Brasil
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Especialistas entrevistados pela Sputnik creem que o novo presidente norte-americano trará uma abordagem renovada diante de Pequim, mas são reticentes quanto à estratégia fundamental de oposição entre os dois países.

Com os Estados Unidos se preparando para a transição de poder, muitos políticos estão pedindo à nova administração Biden que se envolva em um diálogo construtivo com Pequim, após a presidência de Donald Trump, na qual as relações entre os dois países atingiram um ponto baixo, mesmo com uma forte interdependência econômica.

Segundo especialistas ouvidos pela Sputnik, há uma possibilidade de as relações bilaterais mudarem, mas é improvável que Washington decida parar de pressionar Pequim completamente, pois isso contradiz os interesses geopolíticos e econômicos do país norte-americano, embora seja pouco provável que Biden vá cometer os mesmos erros que Trump na sua política diante da China.

Tanto a população como a liderança política dos EUA compartilham a visão da República Popular da China como uma ameaça estratégica em diferentes campos, o que significa que as relações entre os dois países não se desenvolverão facilmente. No entanto, especialistas acreditam que as relações com Pequim melhorarão de qualquer forma com Biden no poder.

Hora de começar do zero?

Uma das opções para reconstruir as pontes entre Washington e Pequim seria retomar as negociações sobre a segunda fase do acordo comercial entre os dois países, disse Aleksei Maslov, diretor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente na Academia de Ciências da Rússia, em uma entrevista em novembro. Esses passos consistiriam em reduzir a pressão sobre Pequim e deixar de lado a retórica dura, particularmente em relação a críticas à ideologia chinesa.

© REUTERS / Tingshu WangImagem de Xi Jinping, presidente da China, dentro de um edifício no Centro de Lançamento Espacial Wenchang, na província de Hainan, China, 23 de novembro de 2020
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Imagem de Xi Jinping, presidente da China, dentro de um edifício no Centro de Lançamento Espacial Wenchang, na província de Hainan, China, 23 de novembro de 2020

Fala-se agora também de um retorno à política de cooperação, mas embora os EUA devam abandonar seus planos de exercer pressão sobre a China, isso apenas ocorrerá se encaixar nos interesses de Washington. Dado o nível de concorrência entre estes países, tal só seria possível a longo prazo.

Outra opção, de acordo com Maslov, seria um reinício rápido, o que significa que os Estados Unidos reduziriam significativamente as tarifas para se abrir aos produtos chineses.

Os EUA não vão querer que surja um país como a China, que possa arruinar seus planos políticos, econômicos e culturais no mundo, que continuam tendo influência na Ásia-Pacífico, bem como no resto do mundo. A China é um grande problema para a Casa Branca, e o novo presidente fará o que tiver que fazer para tornar a situação favorável a ele.

Prognóstico promissor

"Cada presidente tem sua própria política estratégica durante seu mandato presidencial. Para Biden, é praticamente impossível seguir o mesmo rumo político de Trump. Além disso, copiar a política do presidente anterior é tabu. É por isso que esperamos que a mudança de presidente altere as relações entre os dois países", avalia Jia Lieying, especialista em relações internacionais do Instituto Chinês de Línguas Estrangeiras, à Sputnik.

"Em outras palavras, eu não sou pessimista. E, no fim das contas, é provável que os dois lados estejam caminhando para uma relação completamente diferente. No entanto, do ponto de vista da estratégia geral, é improvável que o cenário no qual os EUA contêm a China mude. Mas a abordagem da nova administração não será tão extrema quanto a de Trump", disse ele.

Além disso, concluiu, que a cooperação entre a China e os Estados Unidos em certos campos será mais possível: no comércio e na política econômica, no fortalecimento da cooperação nos campos do clima e da saúde, etc. Nesses campos, há menos fatores políticos, e "eles não representam questões de vida ou morte".

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