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Lei de cotas de 30% para mulheres nas eleições 'não é suficiente', diz deputada estadual

© AP Photo / Eraldo PeresEm Brasília, mulher com bebê nos braços vota em urna eletrônica, durante as eleições gerais no Brasil, em 28 de outubro de 2018
Em Brasília, mulher com bebê nos braços vota em urna eletrônica, durante as eleições gerais no Brasil, em 28 de outubro de 2018 - Sputnik Brasil
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A deputada estadual Renata Souza (PSOL) falou com a Sputnik Brasil sobre a participação feminina na política do país no contexto do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado na última quarta-feira (25).

Em um ano eleitoral em que foi estabelecida a lei que obriga partidos a cumprir registro de 30% de mulheres candidatas, no primeiro turno foram eleitas 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Nas câmaras municipais, o número de vereadoras eleitas foi de 9.196 (16%), contra 48.265 vereadores (84%).

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que, nas eleições 2020, houve um aumento no número total de mulheres eleitas no primeiro turno, mas destacou que foi registrado também "um aumento nos ataques físicos ou morais a mulheres candidatas".

A deputada estadual do PSOL, Renata Souza, que foi candidata à prefeitura do Rio de Janeiro este ano, em entrevista à Sputnik Brasil, destacou a importância da numerosa participação das mulheres nestas eleições municipais.

"Algo que já é uma surpresa diante de todas as dificuldades que nós mulheres temos para nos colocar à frente de processos eleitorais. Aqui no Rio de Janeiro, pela primeira vez na história, tivemos seis candidatas disputando a prefeitura do Rio de Janeiro, isso é muito simbólico, isso é muito importante, e traz um crescimento político de nós mulheres nesses espaços", afirmou.

De acordo com Renata Souza, a lei que determinou que partidos têm que ter uma cota de 30% de candidatas mulheres foi muito importante, mas não é suficiente para reverter a desigualdade entre homens e mulheres na participação política do país.

"É importante essa lei, mas ela não foi suficiente, porque ainda que tenhamos 30%, os recursos ainda são muito mal divididos para a efetivação das candidaturas de mulheres. Então até a gente conseguir consolidar bancadas de mulheres dentro dos partidos, isso leva tempo", argumentou.

​A deputada estadual observou que "no final das contas, o partido vai querer organizar todos os tipos de cotas naqueles e naquelas que têm o maior potencial eleitoral".

"Ou seja, [os partidos] vão apostar justamente naqueles e naquelas que já são vereadores, que já são deputados. E as mulheres efetivamente ainda não são todas vereadoras, todas deputadas. Então dificilmente o investimento vai ser direcionado para a mulher, porque eles precisam eleger quem já está no cargo", afirmou. 

"A gente tem uma lógica política que construiu a figura do homem, do homem branco, no lugar da política, então a gente precisa superar socialmente essas muralhas quase intransponíveis para nós mulheres, em especial nós mulheres pretas", acrescentou.

Ao comentar as políticas que podem ser adotadas para combater a violência de gênero na nossa sociedade, a deputada estadual defendeu a superação da "lógica meramente punitivista" para lidar com violência contra as mulheres.  

"A violência contra as mulheres não vai terminar com uma lógica punitivista. A gente tem que mudar a cultura brasileira, que é uma cultura patriarcal de ver a mulher como propriedade dos homens. Então a gente vai ter que apelar para processos pedagógicos e educacionais [...] para que a gente possa fazer com que os homens não sejam futuros agressores de mulheres. A gente precisa trabalhar com uma perspectiva preventiva, porque só a punitivista não resolve", completou. 

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