Mudança demográfica pode explicar resultado apertado no Texas, avalia especialista

© REUTERS / Go NakamuraEleitores de Trump e Biden se encontram em Houston, no Texas
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A migração de jovens latinos e asiáticos para o Texas pode ser uma das razões para a vitória apertada de Donald Trump no estado, tradicionalmente uma forte base eleitoral republicana.

O atual presidente dos Estados Unidos ficou com 52,26% dos votos (5.828.099) no Texas, contra 46,33% (5.166.208) do candidato democrata, Joe Biden. No início da contagem, o adversário de Trump chegou a estar na frente do atual presidente. 

Segundo Pedro Costa Júnior, professor de Relações Internacionais da Faculdade de Campinas (Facamp), fatores estruturais e conjunturais justificam a votação acirrada no estado, que não vota em um candidato democrata desde 1976, quando os texanos optaram por Jimmy Carter. 

Entre as razões mais enraizada e de "tendência mais duradoura", Costa Júnior diz que o perfil demográfico do Texas vem mudando ao longo dos anos, com a vinda de uma população jovem não tão identificada com os valores do Partido Republicano. 

"O que está acontecendo do ponto de vista demográfico é uma migração muito grande para o Texas de jovens, não brancos, sobretudo latinos, mas também asiáticos, que têm um perfil que tradicionalmente não é necessariamente republicano", disse o especialista à Sputnik Brasil. 

Republicanos terão problemas no futuro

Segundo o professor, essa mudança, que "já dava sinais nas últimas eleições", será uma dor de cabeça para os republicanos no futuro. 

"Vai ser um problema difícil do ponto de vista estratégico para os republicanos resolverem", afirmou o especialista, que ressalta o "peso relevante" que o estado tem no quadro nacional. 

Com 38 delegados, o Texas é o segundo maior colégio eleitoral dos EUA, atrás somente da Califórnia, que tem 55. Para ser eleito, um candidato precisa de pelo menos 270 votos no colégio eleitoral.

Além disso, o autor  livro "Colapso ou Mito do Colapso?", sobre o poder norte-americano no sistema mundial moderno, aponta outras razões, mais pontuais, para o avanço democrata no Texas e o "desempenho frustrante dos republicanos". 

Texanos são 'republicanaços'

Além de avaliar que existe um "certo cansaço" com a administração republicana "ao longo das décadas", o que pode gerar uma "vontade de mudança", Costa Júnior acredita que o típico eleitor texano, homem, branco e religioso, não se identifica tanto com Donald Trump. 

"Ele é um outsider, não é a figura personificada do republicano por natureza. E os texanos tradicionais são, digamos assim, republicanaços", disse o especialista. 

O professor diz que os texanos veem como expoentes tradicionais dos republicanos os chamados "falcões", como a família Bush, que inclusive governou o estado por duas vezes, e o ex-presidente Ronald Reagan. 

"Trump bagunça tudo isso, ele é um sujeito que causa uma ruptura no Partido Republicano", afirmou Costa Júnior, ressaltando a existência de dissidência dentro da legenda que não apoia o atual ocupante da Casa Branca. 

Esforços democratas

O especialista também menciona os esforços do próprio Partido Democrata para conquistar o eleitorado texano, sabedor de que se ganharem no estado, "dificilmente perdem as eleições". 

E, além disso, Costa Júnior diz que a figura de Joe Biden não causa tanta rejeição no texano tradicional, como provocava Hillary Clinton e Barack Obama. 

"Biden é considerado um sujeito muito moderado, de centro, que atrai muitos independentes e até os republicanos mais moderados. isso pode ter sido um fator decisivo para a grande expressão eleitoral que os democratas tiveram nestas eleições", avaliou o professor da Facamp.
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