Uma reportagem publicada pelo UOL mostrou que o grupo mafioso 'Ndrangheta, da região italiana da Calábria, teria tido relações de tráfico de armas e drogas com o PCC. A informação surgiu a partir da análise de mais de 13,5 mil páginas do julgamento que teve início em setembro, em Roma, contra 452 pessoas acusadas de fazer parte da máfia italiana.
O coronel reformado da Polícia Militar do Estado de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública no governo Fernando Henrique Cardoso, José Vicente da Silva, disse à Sputnik Brasil que as autoridades brasileiras continuam pesquisando a atuação de máfias no país por conta da enorme exportação de drogas que sai do Brasil.
"Se calcula, sob uma base moderada, pelo menos 50 toneladas indo para a Europa e também para África, que tem um ponto de distribuição para a Europa. O PCC vem fazendo esse trabalho de importação da droga, mas tem outras entidades também, como o Comando Vermelho, o grande tráfico do Rio de Janeiro também compra dessas mesmas origens", afirmou o especialista em Segurança Pública.
De acordo com ele, há uma estimativa de uma compra de pelo menos 100 toneladas de drogas, da qual o Brasil consome metade, e a outra metade é exportada para outros países, o que "implica naturalmente em um grande esquema internacional".
José Vicente da Silva observou que "essas máfias têm o interesse de se instalar no Brasil", tendo em vista o frágil controle que o país tem em suas fronteiras.
"A questão que se coloca sobre a compra de armas no Brasil é que, sabidamente, o Brasil tem controles muito frágeis nas fronteiras. Há uma entrada muito grande de armas de guerra e elas acabam entrando nos contêineres da droga. Onde tem droga pode [passar] qualquer outra coisa irregular e ilegal, como é o caso das armas", argumentou.
"É importante lembrar que quando nós falamos de crime organizado, nós estamos falando de estruturas com uma distribuição de funções [...] É um sistema bastante complexo e implica em grandes organizações. O PCC é mais um fornecedor aqui do que uma grande organização nos termos europeus", acrescentou o coronel reformado.
O ex-secretário de Segurança Pública destacou também que o grande tráfico internacional ainda não foi gravemente afetado e é preciso que haja um trabalho maior de cooperação das polícias com a Receita Federal.
"É preciso fazer um refinamento aqui no Brasil com a Receita Federal, que ela faz todo o trabalho de fiscalização dos contêineres, e é com o trabalho da Receita Federal que se tem conseguido fazer um levantamento um pouco melhor das drogas que estão nos portos de exportação e também de importação", completou.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)