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Previsão de que não haverá vacinação em massa no Brasil em 2021 é correta, diz especialista

© Sputnik / RFPI e Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya / Acessar o banco de imagensFrascos da vacina Sputnik V (foto de arquivo)
Frascos da vacina Sputnik V (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A vice-diretora-geral da OMS, Mariângela Simão, afirmou que o Brasil não terá vacinação em massa contra a COVID-19 em 2021. A Sputnik Brasil conversou com o professor Guilherme Werneck sobre as previsões em torno da vacina e o futuro da pandemia.

Em entrevista à CNN Brasil, a dirigente da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que não haverá tempo para a produção em massa de vacinas para atender a toda a população brasileira no próximo ano. Em conversa com a Sputnik Brasil nesta quarta-feira (14), o médico epidemiologista Guilherme Werneck, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), assinala que a organização "coloca em seu devido lugar as dificuldades para se obter uma cobertura vacinal universal contra a COVID-19".

Para Werneck, dificilmente haverá tempo hábil e condições logísticas para a produção e distribuição de vacinas de forma a cobrir grande parcela da população brasileira. Inicialmente, apenas os grupos prioritários serão imunizados.

"É provável que, no primeiro semestre de 2021, estejamos vacinando os grupos prioritários, que são quase 40 milhões de pessoas, cerca de 20% da população brasileira, uma meta imensa da qual teríamos condição operacional de realizar, porque temos um programa nacional de imunizações que possui muita experiência", diz o especialista.

A OMS também assinala que nenhuma vacina em experimentação neste momento conseguirá concluir toda a fase necessária de testes até o final do ano, podendo inclusive estendê-la até janeiro ou fevereiro de 2021.

Sobre esses prazos, Werneck acredita que a margem para reduzi-los é muito pequena, pois os mesmos já foram excepcionalmente abreviados e é necessário finalizar os estudos da terceira fase, para se avaliar a efetividade das vacinas.

"Para que a vacina seja aprovada, ela deve mostrar uma eficácia mínima, colocada em torno de 50%, que é inclusive uma eficácia baixa. Devido às condições sanitárias emergenciais, talvez tenhamos que aprovar uma vacina que não seja excelente, com uma eficácia de entre 50% e 60%, que ajudará muito, mas não vai resolver o problema", comenta.

Werneck reforça que não há como tornar esse período mais abreviado sem que isso represente risco para as populações, não só em termos de segurança, mas também de distribuição de uma vacina que pode não ter uma efetividade mínima.

© Folhapress / Adriana Toffetti / A7 PressVacinação contra COVID-19 no bairro de Perus, zona norte de São Paulo em outubro de 2020
Previsão de que não haverá vacinação em massa no Brasil em 2021 é correta, diz especialista  - Sputnik Brasil
Vacinação contra COVID-19 no bairro de Perus, zona norte de São Paulo em outubro de 2020

Vacinação em massa apenas em 2022

Para a OMS, a vacinação plena e universal contra a COVID-19 estará disponível apenas em 2022, algo com o qual concorda o professor da UERJ, pois não haverá condições logísticas, técnicas e operacionais antes disso. Werneck também enfatiza que o mais importante é oferecer uma vacina segura e eficaz primeiro, que consiga atingir grandes parcelas da população mundial.

"Seria um grande sucesso se nós conseguíssemos vacinar 20% da população mundial - as pessoas que correm maior risco - para minimizar o impacto da COVID-19 na mortalidade", opina Werneck.

Segunda onda

Sobre a ocorrência de uma segunda onda da COVID-19, um fato que vem se evidenciando principalmente na Europa, o professor considera que se trata de um posicionamento válido.

"Os países europeus estão realmente experimentando algo que poderia ser chamado de segunda onda. Muitos desses países tiveram uma redução muito drástica do número de casos e óbitos. Porém, estão vendo agora um novo aumento, até mesmo superior em alguns locais ao observado na chamada primeira onda", comenta.

Contudo, Werneck ressalta que existem algumas diferenças nessa segunda onda, pois a testagem é mais eficiente e a letalidade registrada é menor, possivelmente porque estão se testando casos mais leves, enquanto, no início da pandemia, a prioridade era os mais graves.

Por outro lado, o professor considera que é difícil fazer um paralelo dessa situação com o Brasil, pois trata-se de um país imenso, que experimenta epidemias em níveis diferentes em suas regiões e cidades, e que não são sincronizadas no tempo.

"Apesar de ter ocorrido uma queda a partir de agosto na maior parte das regiões e capitais brasileiras, o país ainda registra números muito altos de transmissão, com uma heterogeneidade muito grande", afirma.

Na opinião do professor da UERJ, o Brasil terá que conviver com o coronavírus por muito tempo e deverá estar preparado, tanto a população como os sistemas de saúde e de vigilância epidemiológica, para evitar que a doença se espalhe novamente.

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