A sede regional latino-america da Coca Cola será transferida de Buenos Aires para o Rio de Janeiro, de onde será coordenada as operações das filiais do Peru, Bolívia, Paraguai e Chile, além da Argentina.
Para a economista Juliana Inhasz, coordenadora de graduação do Insper, a decisão da empresa é compreensível, pois a situação econômica na Argentina "tem se deteriorado rapidamente" e "nenhuma empresa, em sã consciência, quer deixar seus recursos dentro de uma economia cuja incerteza é muito grande".
"Ninguém quer deixar seu dinheiro em um território ou em um país onde você olha para frente e enxerga uma extensa cortina de fumaça que impede que você consiga observar um futuro próspero", disse Inhasz.
Para a economista, as políticas do governo argentino "mudam muito" e a "atividade produtiva está completamente desestimulada".
Políticas 'muito restritivas às empresas'
Segundo a especialista, as políticas econômicas na Argentina "são muito restritivas às empresas".
"Existem muitas regras e políticas que impedem a saída de dólares, e que taxam a entrada de dólares, no sentido de desvalorizar extremamente a moeda. A entrada do dólar acaba sendo feita de uma maneira em que o dólar entra dentro da economia favorecendo muito o governo, e a saída é completamente desestimulada, hoje até proibida em determinados volumes. O que faz com que essas empresas não queiram ficar na Argentina, porque elas vão precisar importar insumos, máquinas, vão querer remeter lucro para sua matriz e elas não vão poder em muitos casos", argumentou Inhasz.
Recentemente, outras empresas estrangeiras, como a Latam Argentina, a rede de lojas de departamentos chilena Falabella e o aplicativo de delivery espanhol Glovo anunciaram que vão deixar a Argentina. A Falabella e Glovo, no entanto, serão vendidos a compradores nacionais.
Mesmo países como Brasil se tornam 'mais atrativos'
Segundo a economista, diante do cenário ruim na Argentina, empresas como a Coca Cola buscam "lugares mais sólidos para manter suas atividades" e entendem que o país "não é o cenário ideal" para se investir e "apostar".
Esse quadro, explica a especialista, "faz com que países como o Brasil, que nem são tão prósperos, se tornem muito mais atrativos".
Para se recuperar, a economista acredita que a Argentina deve realizar uma política rígida de austeridade fiscal e controle de gastos. O antecessor do atual presidente Alberto Fernández, o liberal Mauricio Macri, defendia uma política de ajuste, que não conseguiu fazer a economia do país decolar.
"A Coca está procurando lugares onde o mercado está se recuperando. Sem dúvida a Argentina hoje apresenta uma perspectiva de recuperação econômica muito mais lenta e duvidosa do que economias como a brasileira. Isso não significa que o Brasil esteja crescendo tanto. A perspectiva de crescimento para 2021 ainda é muito lenta, ainda temos muitas dúvidas de qual vai ser a condução da economia daqui para frente, mas, comparativamente, o Brasil está melhor do que a Argentina", afirmou Juliana Inhasz.
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