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Turnê de Pompeo pela América Latina é 'jogada eleitoreira a favor de Trump', segundo especialista

© AP Photo / Alex BrandonSecretário de Estado Mike Pompeo ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump
Secretário de Estado Mike Pompeo ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump - Sputnik Brasil
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O especialista em assuntos militares e relações internacionais, jornalista Pedro Paulo Rezende, alertou que, apesar das vitórias políticas dos EUA na América Latina, uma intervenção na Venezuela não será fácil.

Em visita ao Brasil nesta sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, se reuniu com chanceler Ernesto Araújo e declarou que pretende "tirar" do poder o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

"Vamos tirar ele de lá", declarou Mike Pompeo sobre o presidente da Venezuela, durante uma coletiva de imprensa em Boa Vista, capital de Roraima.

Pompeo está realizando uma turnê pelos países que fazem fronteira com a Venezuela, onde se reuniu com lideranças políticas e proferiu ameaças ao chefe de Estado venezuelano, a quem chamou, inclusive, de "traficante".

Segundo o jornalista Pedro Paulo Rezende, especialista em assuntos militares e relações internacionais, Mike Pompeo estaria "fazendo campanha eleitoral" para Trump.

"O que ele veio fazer aqui foi uma clara jogada eleitoreira a favor do Trump. Ou seja, quer colocar o Trump, por um lado, como um fazedor de paz, graças aos acordos que ele está obtendo junto às monarquias do Golfo. Por outro lado, como um cara que protege os direitos humanos, que seriam violados por uma terrível ditadura sul-americana, que seria a ditadura de Maduro. Quem conhece um pouco a situação da Venezuela, sabe que isso não é verdadeiro. Na verdade, existe uma tentativa de tomada de governo que é violenta por parte da oposição", disse Pedro Paulo Rezende à Sputnik Brasil.

O professor destacou que os Estados Unidos têm obtido sucesso ao isolar politicamente a Venezuela, tanto na Europa, quanto na América Latina. Na região, somente Argentina e Uruguai ainda apoiam Caracas.

"Os outros países estão sob o domínio da chamada 'maré conservadora' e apoiam uma mudança de regime na Venezuela. Essa mudança, pelos países da América Latina, não deveria ser militar. Com exceção da Colômbia, que tem interesse em uma intervenção militar na Venezuela", disse Rezende.

Ele destacou que cerca de dez mil ex-militares venezuelanos estão na Colômbia, recebendo treinamento e pagamento dos Estados Unidos. Os recursos sairiam de contas venezuelanas no exterior, congeladas pelo governo americano.

O Brasil, no entanto, não teria condições de apoiar uma campanha militar no país vizinho. Não há rotas de invasão na Venezuela e somente uma rodovia liga Manaus ao país vizinho. No entanto, o interlocutor da Sputnik Brasil lamentou o posicionamento do governo brasileiro sobre o tema.

"O que vemos é uma triste mudança na tradição política brasileira de não intervenção em assuntos de outros países. É uma tradição que foi instituída desde o início da República e, infelizmente, foi rompida agora pelo nosso alinhamento automático com os Estados Unidos", disse o entrevistado.

Pedro Paulo Rezende destacou, que uma eventual intervenção na Venezuela não será fácil, mesmo para o poderoso exército norte-americano.

"É preciso ressaltar que a Venezuela tem um mecanismo militar forte. Eles têm mais de 300 mil homens em armas. Isso no exército regular. Possuem um componente grande de milícias, que poderiam chegar a 500 mil homens. E têm um bom terreno para guerrilha. Ou seja, não é uma galinha morta. É um mecanismo militar importante, em termos latino-americanos. Os americanos superariam esse mecanismo venezuelano. Mas poderiam encarar uma guerra de guerrilha longa, a exemplo do que aconteceu no Iraque", concluiu o jornalista.
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