Yuan poderia se tornar 3ª maior moeda do mundo até 2030?

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De acordo com especialistas, a moeda chinesa deverá aumentar sua participação nos mercados mundiais de 2% atuais para um valor entre 5% e 10% daqui a dez anos.

O yuan chinês poderá se tornar a terceira maior moeda mundial até 2030, ficando atrás somente para o dólar norte-americano e o euro, preveem analistas da companhia de investimentos e serviços financeiros Morgan Stanley.

No momento, a participação do yuan nas reservas mundiais não ultrapassa 2%, mas na próxima década esta participação aumentará no pior caso para 5%, e na melhor das hipóteses para 10%, afirmam.

Os analistas se referem à tendência de aumento da demanda global dos títulos chineses por parte dos investidores. Em julho, a entrada líquida de capital estrangeiro em títulos chineses atingiu US$ 21,3 bilhões (R$ 113,1 bilhões), o valor mais alto desde 2014, quando começaram a ser publicadas as estatísticas relevantes.

O valor total dos títulos detidos pelos investidores estrangeiros chegou a US$ 360 bilhões (R$ 1,91 trilhão), mais 13,7% que em 2019.

Além disso, de acordo com o relatório da empresa, em 2020 o montante total de investimentos de portfólio atraídos na China será de US$ 150 bilhões (R$ 796,4 bilhões), e este valor anual aumentará para US$ 200-300 bilhões (R$ 1,06-1,59 trilhão) entre 2021 e 2030.

© REUTERS / Jason LeeInvestimento na China
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Investimento na China

O yuan foi incluído no instrumento monetário de direitos especiais de saque em 2016, e desde então os bancos centrais de alguns países vêm acumulando reservas em moeda chinesa.

De acordo com estatísticas do Fundo Monetário Internacional, no primeiro trimestre de 2020, o dólar dos EUA tinha participação de 61,9% nas reservas mundiais, o euro tinha 20,05%, o iene tinha 5,70%, e a libra esterlina tinha 4,43%. Há vários fatores que limitam o processo de internacionalização do yuan, disse Liu Dongmin, diretor do Centro Financeiro Mundial do Instituto de Economia Mundial e Finanças da Academia Chinesa de Ciências Sociais, à Sputnik China.

"No momento, o fator mais importante que determina a internacionalização do yuan é o grau de abertura da conta corrente", afirma. "Até agora, a China ainda não o divulgou totalmente, e isto, é claro, limita severamente a internacionalização do yuan. Existem outros fatores, incluindo a livre convertibilidade do yuan."

"A liberalização da conta corrente também depende disso. Se o renminbi [nome alternativo da moeda] não puder flutuar livremente, então é muito difícil conseguir a liberalização total da conta corrente."

Por fim, o especialista refere que uma abertura dos mercados financeiros da China atrairia ainda mais investimento estrangeiro, o que, por sua vez, suportaria altas taxas de crescimento a médio e longo prazo.

Razões e resultados dos investimentos

Por outro lado, os especialistas da Morgan Stanley acreditam que a conta corrente da China em breve se tornará deficitária. Como a China procura mudar o modelo de crescimento de sua economia, ou seja, mudar o foco das exportações para o consumo interno, o país vai inevitavelmente absorver mais do que produzir.

© REUTERS / Tingshu WangLogotipo da Huawei
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Logotipo da Huawei

É projetado que até 2030 o déficit da conta corrente da China será de 1,2% do seu PIB. Nesta situação, para financiar este déficit entre 2025 e 2030, a China precisa de uma entrada líquida de pelo menos US$ 180 bilhões (R$ 955,6 bilhões) de capital estrangeiro anualmente, aponta a Morgan Stanley.

"Penso que a previsão é bastante justificável, porque a economia chinesa está atualmente mostrando bons resultados", avalia Liu Dongmin."A luta contra a epidemia tem sido bem-sucedida, e isso torna os mercados chineses atraentes para os investidores. [...] Vemos que os rendimentos dos títulos chineses são mais altos que os de títulos similares nos mercados ocidentais."

"Assim, os investidores estrangeiros que investem yuanes nos mercados chineses obtêm rendimentos mais altos do que aqueles que investem nos mercados ocidentais. Este é o fator mais importante para atrair investidores estrangeiros."

Abertura da economia chinesa

Além do mais, refere, a China está ativamente reformando e abrindo seus mercados financeiros, e o crescimento estável da economia chinesa.

"Tudo isso cria condições para a atração de capital estrangeiro", diz.

A maioria dos países com mercados financeiros desenvolvidos adotaram uma política de taxas de juros mínimas, se não mesmo nulas, para combater a crise atual, contrário da China, que pratica taxas superiores, atraindo, assim, maiores rendimentos para investidores. A confiabilidade dos investimentos em títulos chineses e, por exemplo, dos EUA, é comparável.

As autoridades chinesas estão tomando medidas para facilitar o acesso do capital estrangeiro ao mercado chinês, apesar da complicada situação internacional, que incluem regras simplificadas para o acesso dos investidores estrangeiros ao mercado de títulos chinês.

Algumas empresas financeiras estrangeiras já solicitaram o controle total sobre suas empresas conjuntas na China, incluindo a JP Morgan, UBS Group AG, Nomura Holdings Inc. e Credit Suisse.

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