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'Guardiões do Crivella' mostram 'institucionalização' da violência contra imprensa, conforme Fenaj

© Folhapress / Ricardo BorgesO prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella - Sputnik Brasil
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Os funcionários da Prefeitura do Rio de Janeiro que ficavam nas portas dos hospitais públicos em plena pandemia para impedir o trabalho de jornalistas são uma tentativa de coibir a liberdade de imprensa do direito de se comunicar da população, avalia a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Organizados em grupos de WhatsApp chamados "Guardiões do Crivella", os funcionários publicavam fotos do plantão que faziam na porta das unidades de saúde e prestavam contas a Marcos Paulo de Oliveira Luciano, conhecido como ML. De acordo com informações do G1, Luciano é assessor especial do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) com salário de R$ 10,5 mil, trabalhou como missionário com Crivella na África e já coordenou campanhas eleitorais do prefeito carioca. 

Um número ligado ao próprio prefeito do Rio integra um desses grupos organizados para atacar a imprensa.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu nesta terça-feira (1°) nove mandatos de busca e apreensão ligados ao caso dos "Guardiões". Notebooks, celular, dinheiro, cheques, contratos e um pacote escrito "Crivella" foram apreendidos em um endereço ligado a Luciano. Também nesta terça-feira (1°), o Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou uma investigação para apurar o episódio e o PSOL protocolou um pedido de abertura de processo de impeachment contra o prefeito carioca. 

Para a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, o uso dos assessores para atacar o trabalho da imprensa mostra como o ataque ao jornalismo está institucionalizado no país. Braga acredita que Crivella precisa ser "responsabilizado como gestor público, que utiliza recursos públicos, financeiros e humanos em uma ação ilegal".

"O trabalho da imprensa incomoda normalmente quando é bem feito. E o que significa isso? Um dos grandes papéis do jornalismo é trazer para a esfera pública as informações de interesse público. Ocorre que muitas vezes esses interesses públicos estão sendo vilipendiados por pessoas privadas em razão de interesses privados. Ao mostrar isso, os jornalistas geram uma reação e, no caso do Brasil e de alguns lugares da América Latina, uma reação violenta dessas pessoas que estão se beneficiando de ilegalidades", afirma a presidente da Fenaj à Sputnik Brasil. 

Ainda de acordo com Braga, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente ameaçou agredir um repórter quando perguntado sobre Fabrício Queiroz, é o "principal agressor de jornalistas e de veículos de comunicação". 

"Nós da Fenaj temos dito que desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, em 1° de janeiro de 2019, houve uma institucionalização da violência contra os jornalistas e contra a imprensa de uma forma geral, essa institucionalização se deu primeiramente pela presidência da República. O presidente é o principal agressor de jornalistas e de veículos de comunicação generalizadamente. Somente no primeiro semestre deste ano, o presidente desferiu 245 ataques à jornalistas ou a veículos de comunicação. Isso é gravíssimo", avalia Braga. 
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