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Brasil terá vantagens com mais de 30 testes de medicamentos contra COVID-19, revela analista

© AP Photo / Eraldo PeresMédico do Hospital Universitário de Brasília mostra a vacina chinesa da Sinovac, voltada ao novo coronavírus
Médico do Hospital Universitário de Brasília mostra a vacina chinesa da Sinovac, voltada ao novo coronavírus - Sputnik Brasil
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O Brasil já autorizou 33 estudos de medicamentos ou vacinas voltadas para o novo coronavírus em solo nacional desde o início da pandemia, em um movimento que pode trazer grandes vantagens ao país, um dos epicentros mundiais da doença, segundo um analista ouvido pela Sputnik Brasil.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a realização de mais de três dezenas de trabalhos científicos contra a COVID-19, dos quais 21 são testes internacionais de possíveis tratamentos para a infecção. A escolha do Brasil, que tem mais de 3,6 milhões de infectados e 115.309 óbitos, não é por acaso.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explicou que o alto grau de circulação da doença no país gerou interesse de laboratórios de todo o planeta, que correm contra o tempo com suas pesquisas.

"A principal razão é porque ainda estamos tendo um grande volume de pessoas infectadas pelo vírus e, portanto, estamos em uma fase ativa da epidemia. E esses medicamentos precisam ser testados com pessoas doentes. Por isso estamos sendo tão procurados", revelou ele, que também é fundador e primeiro diretor da Anvisa no período entre 1999 a 2003.

O especialista ainda deu outras duas razões para que o Brasil esteja recebendo tantos esforços, notadamente duas vacinas com grande potencial – uma da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, e outra do laboratório chinês Sinovac Biotech, aliado do Instituto Butantan.

"Temos uma estrutura de pesquisa clínica no país muito boa. Os sistemas de registro das atividades, como fazemos sistematicamente a pesquisa clínica, é muito valorizado porque esses testes têm que ser rigorosamente registrados para que eles possam ser aceitos depois pelas agências de registros de medicamentos no exterior, assim como a nossa Anvisa", disse

"E a terceira razão é a Anvisa. A gente tem uma agência que é mundialmente conhecida por ser muito exigente, segura, então esses três componentes fazem com que venha essa avalanche de pedidos de realização de protocolos clínicos aqui no nosso país", acrescentou o médico sanitarista.

O analista ouvido pela Sputnik Brasil avaliou que o país pode ter vantagens muito grandes por conta do esforço internacional contra a COVID-19 em solo brasileiro. De acordo com ele, a chegada de mais de 30 milhões de doses das duas principais vacinas em teste por aqui, caso se provem eficazes, darão uma dianteira aos cientistas locais.

"Além da gente acompanhar essas vacinas desde o começo, existe também o aprendizado que os nossos pesquisadores, os nossos médicos vão ter perante essas diferentes vacinas. Exceção feita à vacina da Sinovac e da Oxford, nós não temos nenhum acordo de entrega dessas vacinas para o Brasil, mas nessas duas temos um acordo de entrega de um conjunto grande de vacinas, 30 milhões de doses de cada uma das duas vacinas, caso deem certo, mas tudo vai depender delas passarem nos testes", celebrou.

© REUTERS / Amanda PerobelliFuncionária do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo (Crie/Unifesp), onde estão sendo feitos os testes da vacina de Oxford
Brasil terá vantagens com mais de 30 testes de medicamentos contra COVID-19, revela analista - Sputnik Brasil
Funcionária do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo (Crie/Unifesp), onde estão sendo feitos os testes da vacina de Oxford

Vecina Neto ressaltou ainda que os métodos para testagem e produção de vacinas e medicamentos ante a pandemia, que ainda não desacelerou de uma maneira sustentável no Brasil, apresentam variáveis – "é vacina sendo feito com vírus inativado, vacina sendo feita com o vetor viral, vacina feita com pedaços de RNA" –, o que torna o otimismo justificável.

"Não tenho o dado do número de testes que estão fazendo, mas a fase três leva de quatro a seis meses, após isso a vacina poderá ser registrada e a partir do registro ser disponibilizada para a população a partir da comercialização", completou o especialista.

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