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Garantir controle da COVID-19 durante Brasileirão é impossível, diz médico

© AFP 2023 / TASSO MARCELOMaracanã
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Após um início de temporada marcada por jogadores infectados pelo novo coronavírus e suspensão de jogos na Justiça, os times brasileiros se preparam para a segunda rodada do Brasileirão em meio a questionamentos sobre a eficácia dos protocolos impostos pela CBF.

No CSA, 18 atletas estão infectados pelo novo coronavírus e no Goiás o número já chegou a 11. Os protocolos impostos pela CBF se mostraram falhos? Devido ao alto número de atletas infectados em alguns times, é possível que o Brasileirão seja suspenso?

O médico Nabil Ghorayeb, especialista em Cardiologia e Medicina Esportiva, acredita que, por enquanto, a competição provavelmente deve continuar, pois haveria "muitos interesses em jogo".

Para o especialista, no entanto, o controle sanitário da situação é quase impossível, "a começar com o próprio jogador".

"Será que o jogador se cuida? Evita o contágio com outras pessoas, o abraço a festa de ter vencido, a comemoração? Será que ele está fazendo o uso de máscara o tempo todo? O alcogel, evita aglomeração? Então começa com os próprios jogadores. Os jogadores são jovens, cheios de força, de vontade de jogar e de ganhar dinheiro e querem realmente fazer tudo. Mas muitas vezes relaxam no cuidado e isso a gente têm visto todos os dias", disse Ghorayeb à Sputnik Brasil.

Além disso, afirmou o médio, mesmo no caso dos clubes seguirem as orientações da CBF e dos estudos de infectologistas, a realização do controle da doença é complexa. O contágio nem sempre se revela com sintomas e os pacientes recuperados podem sofrer sequelas e consequências da COVID-19.

"A gente sabe que muitos pacientes de COVID-19 desenvolvem uma doença chamada miocardite pós-COVID, e que pode levar à morte", alertou o médico, citando casos de esportistas estrangeiros que retomaram as atividades sem o devido acompanhamento.

Para Ghorayeb, o alto custo dos exames seria um outro fator de risco para a realização periódica dos testes. Além disso, seria preciso considerar as margens de erro, que ainda são grandes.

"Mesmo em lugares de referência pode dar erro, porque não existe exame que seja 100% efetivo. Sempre tem uma faixa de erro de, no mínimo, 10%", alertou o interlocutor da Sputnik Brasil.

O médico não acredita que os patrocinadores, que dependem dos jogos para justificar seus investimentos, estejam prontos para paralisar as atividades. Para ele, o investidor vai pressionar e defender os seus próprios interesses, gerando assim uma distorção no sistema de controle.

Ele alertou que a pandemia continua e deve durar até o final do ano, no mínimo. O médico argumentou que, mesmo se a vacinação em massa contra a doença começar em outubro, ainda levará um tempo "para ver se formam os anticorpos e se está funcionando realmente".

"Se eu pudesse tomar uma decisão pessoal minha [...] o meio mais fácil de parar a doença seria parando tudo", concluiu Ghorayeb.
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