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Crise econômica se instalou no Brasil muito antes da pandemia, diz especialista

© Folhapress / Fernando Souza / AgifMovimentação nas ruas e comércio nos arredores do Mercado Popular do Saara, no centro do Rio de Janeiro, durante a pandemia da COVID-19, em 10 de julho de 2020.
Movimentação nas ruas e comércio nos arredores do Mercado Popular do Saara, no centro do Rio de Janeiro, durante a pandemia da COVID-19, em 10 de julho de 2020. - Sputnik Brasil
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A pesquisa semanal Focus, divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (27) indicou que economistas e analistas financeiros trabalham com a perspectiva de uma contração menor da economia do Brasil em 2020.

O mercado espera uma contração de 5,77% da economia brasileira neste ano, na quarta semana seguida em que os economistas melhoraram a previsão. Na semana anterior, a projeção era de que o Produto Interno Bruto (PIB) sofreria recuo de 5,95%. Para 2021 permanece a expectativa de um crescimento econômico de 3,50%.

Para Istvan Kasznar, economista e professor da FGV/RJ, a elaboraração das previsões tende a ser "incoerentes e insuficientes", mas as previsões atuam como uma "bússola" para orientar a política econômica do governo.

"Ao longo deste ano tivemos um lockdown, com uma parada geral. Agora, há mais de 20 dias, a economia como um todo começa a florescer e retomar. Porque as pessoas, entendendo que a pandemia veio para ficar [...] e ainda não há vacina para eliminar todos os males e efeitos gerados, são obrigadas a manterem seus empregos, a produzirem e a gerarem renda. E [a situação] obriga também que as empresas produzam e gerem produtos", disse Istvan Kasznar à Sputnik Brasil.

Para ele, uma certa retomada econômica era previsível. Os números baixos e até negativos do PIB, no entanto, não seriam somente uma consequência da pandemia, segundo o economista. Para Kasznar, o Brasil demorou para se recuperar da crise econômica de 2008. Assim, desde 2011 e 2012, as ações do governo não surtiram o efeito desejado e a economia do país iniciou a sua longa curva de desaceleração.

"Os gastos públicos começaram a aumentar, a dívida pública interna do Brasil cresceu de um patamar próximo aos 45% para hoje praticamente 107% (ainda há dúvidas a respeito do verdadeiro valor da formação dessa dívida sobre o PIB brasileiro) [...] Em 2015 a economia arrefece mais ainda e, em 2016, é um desastre", afirmou Istvan Kasznar.

Desde então, em função de uma massa de fatores, como má administração pública, corrupção e fuga de investimentos para o exterior, a crise foi se agravando durante os últimos anos. Assim a pandemia deu um choque negativo na economia em um contexto já bastante negativo.

"Existem muitos fatores responsáveis pela queda da economia brasileira, e vários desses permanecem entre nós. Sobretudo os estruturais. O Brasil necessitará, desse ponto de vista, de reformas", destacou o entrevistado.

O economista destacou a importância da reforma tributária, mas também prevê um provável aumento da carga fiscal, como o retorno da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Por outro lado, Kasznar acredita que uma retomada da economia pode ser esperada "se continuarmos trilhando a Reforma Tributária, a reforma do mercado de capitais, a reforma do sistema de administração pública, as reformas associadas ao mercado de trabalho que continua precisando de flexibilização, e muito mais".

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