EUA combatem China à custa de seus próprios aliados, avalia especialista

© REUTERS / Aly SongNova loja principal da Huawei em Xangai, China
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Em agosto, os EUA vão impor um bloqueio para companhias que utilizam partes produzidas pela Huawei e por outras companhias chinesas.

Conforme analisa a Nikkei Asian Review, esta decisão afetará mais de 800 empresas japonesas. Agências federais dos EUA não poderão assinar ou renovar contratos com companhias que usem produtos ou serviços da Huawei, ZTE, Hangzhou Hikvision Digital Technology, Zhejiang Dahua Technology e Hytera Communications.

Washington afirma que as empresas chinesas representam um risco de vazamento de informações sensíveis para Pequim. O bloqueio passará a ser válido desde 13 de agosto, depois dessa data as companhias que almejam contratos com órgãos federais norte-americanos deverão provar que não usam produtos banidos.

© REUTERS / Matthew ChildsSede da Huawei em Reading, Reino Unido, 14 de julho de 2020
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Sede da Huawei em Reading, Reino Unido, 14 de julho de 2020

Contudo, ainda não está bem definido o que Washington reconhece como uso de serviços e produtos chineses.

"Não está claro o quão longe será necessário ir para garantir que produtos das cinco companhias não estão sendo usados", afirmou Ryo Okubo, codiretor do escritório da Nagashima Ohno & Tsunematsu em Nova York, conforme cita a Nikkei Asian Review, acrescentando que "empresas japonesas devem ficar em alerta".

A mudança, efetivamente, obrigará companhias japonesas a optarem entre fornecedores chineses e vendas no mercado norte-americano, analisa em entrevista à Sputnik China, Zhou Yongsheng, professor da Universidade de Relações Internacionais da China.

"Ataques a Huawei e outras companhias chinesas perseguem um único objetivo principal – atrapalhar o desenvolvimento científico e tecnológico da China. Para os EUA é necessário remover a concorrência. Desse ponto de vista, o ataque à Huawei é nada menos que o desejo dos EUA de conservar, com todos os meios e forças, sua posição como líder tecnológico mundial [...]", avaliou o especialista.

As ações norte-americanas possuem um efeito negativo nas próprias empresas do país. Por exemplo, devido às sanções, a Qualcomm, que obtém 60% de seu lucro graças às vendas ao mercado chinês, terá grandes perdas.

© AP Photo / John LocherPublicidade da rede 5G desenvolvida pela empresa Qualcomm dos EUA
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Publicidade da rede 5G desenvolvida pela empresa Qualcomm dos EUA

Em 2019, a Huawei realizou compras no valor de US$ 18 bilhões (R$ 96,9 bilhões) dessa empresa dos EUA especializada em semicondutores. Além destes exemplos, existem diversas outras empresas na China que realizam importações de materiais tecnológicos dos EUA em grande escala.

"Eu acredito que na atual situação é pouco provável que os aliados dos EUA se oponham de alguma forma às exigências dos EUA [...] Até mesmo em relação à Alemanha é difícil afirmar se para ela será possível demonstrar seu desacordo com a posição dos EUA", comenta Zhou Yongsheng.

De fato, considerando a situação atual, a Alemanha busca manter um razoável nível de neutralidade. Portanto, apesar da pressão política de Washington, Berlim não se apressa em arriscar os interesses econômicos do país.

Desta forma, dias após o Reino Unido excluir a Huawei do desenvolvimento de sua rede 5G, as autoridades alemãs afirmam que atualmente não existe nenhuma base para alterar a política alemã em relação à companhia chinesa.

No momento, é difícil precisar se Washington terá sucesso em suas investidas contra a China em outros países. As tensões entre os dois gigantes econômicos entram em novos setores, desafiando a recuperação da economia mundial, fortemente afetada pela crise do coronavírus.

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