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Brasil e EUA fracassam na luta contra COVID-19, mas ainda há chance de reverter situação, diz médico

© REUTERS / Adriano MachadoAtivista ao lado da bandeira brasileira e de cruzes simbolizando os que morreram por COVID-19, em frente ao Congresso Nacional, Brasília, Brasil, 28 de junho de 2020
Ativista ao lado da bandeira brasileira e de cruzes simbolizando os que morreram por COVID-19, em frente ao Congresso Nacional, Brasília, Brasil, 28 de junho de 2020 - Sputnik Brasil
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Segundo médico, países tiveram tempo para se preparar para a epidemia, mas optaram pela negação do problema e agora enfrentam a disseminação da doença pelo continente americano.

A OMC, por meio do seu diretor-geral, Tedros Ghebreyesus, e demais médicos dirigentes da entidade, informou que a pandemia de coronavírus está muito longe de ser controlada e que ainda há muito a se fazer pelos governos ao redor do mundo para controlar a doença.

O órgão manifestou especial preocupação com os Estados Unidos e o Brasil, países nos quais os casos de infecção não param de aumentar.

O médico epidemiologista Guilherme Wernek, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), destacou, em conversa com Sputnik Brasil, que já era esperada a rápida expansão da doença pelo mundo. Justamente por isso a OMS declarou a pandemia ainda no mês de março.

Para ele, é importante entender por que Brasil e Estados Unidos, com menos de 10% da população mundial, concentram quase 40% de casos e de mortes decorrentes da doença.

"Esses países foram incapazes de tornar o enfrentamento da COVID-19 de uma maneira racional e adequada", disse Guilherme Wernek.

Ele destacou as similaridades entre Brasil e EUA. Os seus presidentes falharam em estabelecer uma liderança clara e em organizar uma cooperação "dos entes federativos para um enfrentamento mais racional dessa epidemia".

"Vimos uma falta de preparação, uma minimização do problema e uma disputa entre os entes federativos sobre a melhor forma de enfrentar essa epidemia. Essa disputa, que se tornou quase ideológica, não poderia trazer resultados positivos no controle da COVID", acrescentou o médico.

Ele destacou, pontualmente, alguns governadores e prefeitos seguiram as recomendações científicas e adotaram medidas eficientes. No entanto, a falta de coordenação de esforços não permitiu controlar a disseminação da enfermidade, que segue em alta até o presente momento.

"Em geral se pode dizer que o país se encontra ainda em uma situação muito dramática em termos de números de casos e óbitos. E essa situação não parece que vai melhorar a curto prazo", afirmou Wernek.

Os dados sobre casos devem ser monitorados sistematicamente para ter uma visão adequada sobre o que acontece em cada região do país. O médico lamentou a redução de controle e os planos de reabertura sem uma vigilância epidemiológica forte.

Ao comentar as declarações da OMS, o professor da UERJ concordou com a avaliação da entidade.

"É fato que as Américas se tornaram o epicentro da pandemia de COVID-19 já há pelo menos um mês. Isso é impressionante, porque a epidemia começou na Ásia, e de lá foi para a Europa. Ou seja, as Américas tiveram algum tempo para se preparar para a introdução da epidemia nos seus países. O que acontece é que esses países não foram capazes de enfrentar esse problema de forma antecipada e racional", destacou Wernek.

A reação inicial desses países, principalmente do Brasil e dos Estados Unidos, mas também de outros, como o México, foi de minimizar o problema. Os governos esperavam um impacto menor, desconsiderando todas as informações científicas disponíveis.

"Podemos dizer hoje que Brasil, Estados Unidos e alguns países latino-americanos fracassaram no enfrentamento da COVID-19".

Por outro lado, o epidemiologista acredita que ainda há tempo para mudar essa situação. Todavia, isso só ocorrerá se a pandemia for enfrentada com "gravidade e seriedade que o problema merece".

"Para que isso aconteça é necessária uma articulação entre os diferentes gestores e autoridades sanitárias nacionais", concluiu.
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