Depois de Hong Kong, Taiwan teme ser o próximo alvo de Pequim

© REUTERS / Ann WangPessoas usando máscaras para se protegerem da doença COVID-19 enquanto caminham perto do arranha-céu Taipei 101, em Taipé, Taiwan, 7 de julho de 2020
Pessoas usando máscaras para se protegerem da doença COVID-19 enquanto caminham perto do arranha-céu Taipei 101, em Taipé, Taiwan, 7 de julho de 2020 - Sputnik Brasil
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Em Taiwan, a decisão da China de impor uma lei de segurança nacional para Hong Kong está causando ansiedade, por receio de que a ilha se torne o próximo alvo de Pequim.

"Somos os próximos", é o que mais se ouve hoje em dia em Taipé, capital de Taiwan, que Pequim prometeu um dia recuperar o controle, pela força se necessário.

Vale recordar que foi na ilha, batizada pelos portugueses de Formosa, que se refugiaram em 1949 as forças nacionalistas chinesas do Kuomintang após perderem a guerra civil para o Partido Comunista.

"Esta lei me faz detestar ainda mais a China", afirmou à Agência France Press (AFP) Sylvia Chang, uma estudante, de 18 anos, da Universidade Nacional de Taiwan. "Eles prometeram a Hong Kong 50 anos sem mudanças, mas estão impondo cada vez mais seu controle."

"Estou preocupada que a Hong Kong de hoje se torne a Taiwan de amanhã", acrescentou a jovem.

A China tem acenado continuamente a Taiwan, prometendo-lhe igualmente o princípio "um país, dois sistemas", aplicado a Hong Kong após o fim do domínio britânico em 1997 e a Macau em 1999, depois de cinco séculos de presença portuguesa.

Contudo, essa hipótese tem sido sistematicamente rejeitada pelos dois principais partidos políticos de Taiwan, quer pelo Kuomitang, o partido dos derrotados de 1949, quer pelo Partido Democrático Progressista (PDP), atualmente no poder, que não esconde sua simpatia por uma declaração unilateral de independência.

© AP Photo / Taiwan Presidential Office via APPresidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, discursando durante posse de seu segundo mandato presidencial
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Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, discursando durante posse de seu segundo mandato presidencial

Segundo a AFP, a nova lei destruiu a pouca confiança que os taiwaneses poderiam ter em Pequim.

Muitos têm agora medo de ir a Hong Kong, temendo ser processados por suas atividades em redes sociais.

Pequim intensificou a pressão diplomática, econômica e militar para isolar a ilha após a eleição de Tsai Ing-wen do PDP como presidente em 2016.

Tsai, que foi reeleita em janeiro, considera Taiwan um Estado soberano e rejeita a visão de "uma China única".

Taiwan "está monitorando de perto a implementação da lei", declarou nesta terça-feira (7) a presidente taiwanesa, alertando que "medidas contrárias" seriam tomadas se isso causasse "o menor dano" à ilha, relata a AFP.

Ao longo dos anos, especialmente desde o fim do estado de emergência na ilha em 1987, tem se consolidando uma identidade taiwanesa distinta. A pressão chinesa não tem ajudado Pequim a manter uma identidade chinesa no território, opina Amber Wang, articulista da AFP.

© AP Photo / Chiang Ying-yingPessoas usando máscaras como prevenção do novo coronavírus em estação de metro de Taipé, Taiwan (foto de arquivo).
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Pessoas usando máscaras como prevenção do novo coronavírus em estação de metro de Taipé, Taiwan (foto de arquivo).

Cerca de 67% – uma alta recorde – agora se referem a si mesmos como "taiwaneses" e não como chineses, 10% a mais do que no ano passado, de acordo com uma pesquisa da Universidade Nacional Chengchi. Em 1992, eram apenas 18%.

As redes sociais estão sendo encharcadas com mensagens apoiadoras do movimento a favor da democracia de Hong Kong, da independência de Taiwan, ou contra as violações dos direitos humanos chineses no Tibete ou Xinjiang.

Wendy Peng, uma jornalista de 26 anos de idade que frequentemente fala em apoio aos ativistas pró-democracia em Hong Kong, planeja evitar a cidade.

"A lei de segurança nacional me faz pensar até onde a China pode ir. No momento, não vejo nenhum limite e provavelmente não há nenhum. Penso que é possível que Taiwan seja seu próximo alvo."

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