Domínio norte-americano no petróleo está chegando ao fim, garante especialista

© Sputnik / Vitaly TimkivExtração de petróleo (imagem referencial)
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O domínio da energia nos EUA acabou. A produção provavelmente vai cair 50% durante o próximo ano e nada pode ser feito a esse respeito, e não tem a ver com o coronavírus.

A contagem de poços de petróleo leve ou de xisto em funcionamento nos EUA caiu 69% neste ano, de 539 em meados de março para 165 na semana passada. A produção do petróleo vai cair 50% até meados do próximo ano.

A festa acabou

"A festa acabou para o xisto e para o domínio energético dos EUA", assegura Arhtur Berman, geólogo e especialista em assuntos petrolíferos, em um artigo publicado no portal Oilprice em 18 de junho.

O petróleo de xisto é a base do domínio energético dos EUA. Mesmo tendo sido sempre um grande país produtor de petróleo, os EUA somente passaram para o restrito clube das superpotências petrolíferas quando a sua produção de petróleo de xisto pulou de cinco milhões de barris por dia (mmb/d, no acrônimo em inglês), para mais de 12 mmb/d entre 2008 e 2019.

A contagem de plataformas petrolíferas ativas é uma boa maneira de prever a produção futura de petróleo, desde que sejam tidos em conta os devidos leads e lags. Os lags são indicadores de resultado, enquanto os leads são indicadores direcionadores ou indicadores de tendências.

A produção de petróleo de xisto atingiu 7,28 mmb/d em novembro de 2019, existindo então 613 plataformas de extração em funcionamento.

Atualmente, há somente 165 sondas funcionando, pelo que forçosamente a produção cairá, não sendo esperado que o cenário se reverta até 2021, devido aos orçamentos limitados e preços baixos do petróleo.

Declínio inevitável

O declínio da produção de petróleo dos EUA para oito milhões de barris por dia até o segundo trimestre de 2021 é inevitável. A produção deve aumentar entre junho e agosto deste ano com o fim do confinamento, mas vai cair no último trimestre de 2020, prevê Berman.

Os produtores norte-americanos fecharam em maio a maioria de seus poços, porque os preços do petróleo atingiram mínimos históricos e a capacidade de armazenamento se esgotou, provocando a queda da produção de petróleo de xisto.

Mas com a crise de armazenamento aparentemente resolvida e com os preços do petróleo um pouco mais elevados, a maioria dos poços fechados está sendo reativada.

Mas, prevê o especialista, a produção deve aumentar até que todos os poços fechados voltem a funcionar e, em seguida, retomará seu declínio.

Com base na análise da contagem das plataformas, a produção de petróleo nos EUA provavelmente será de cerca de oito milhões de barris por dia até meados de 2021, ou seja, quatro milhões de barris por dia a menos do que os níveis do pico de novembro de 2019.

Uma menor produção nos EUA é inevitável com a quantidade de equipamentos atualmente em funcionamento, sendo fundamental ter de 500 a 600 sondas perfurando o tempo todo para substituir a produção perdida a cada ano.

A produção não pode ser aumentada sem a adição de sondas e a perfuração de novos poços. Mesmo que houvesse capital disponível para adicionar sondas e perfurar poços, levaria vários anos para construí-las e iniciar a extração para atingir os níveis de produção de 2019.

Mito da independência energética

Menor produção de petróleo nos EUA contradiz a promessa do presidente Trump de independência energética, que se verão obrigados, à medida que a demanda recuperar, a importar mais petróleo, o que será prejudicial para a balança de pagamentos dos EUA.

"A independência energética dos EUA é ignorante na melhor das hipóteses e fraudulenta na pior", escreve o geólogo. Os EUA importaram quase 7 mmb/d de petróleo bruto em 2019 e mais de 9 mmb/d de petróleo e produtos refinados.

"Isso é quase tanto quanto a China – a segunda maior economia do mundo – consome", acrescentou.

E não é por causa do coronavírus, refere o especialista, para quem a produção "começou a cair 15 meses antes de alguém ter ouvido falar da COVID-19. Mesmo que o caminho para a recuperação econômica e da demanda de petróleo seja mais rápido do que eu acredito, levará muito tempo para voltar a 12 ou 13 milhões de barris por dia de produção".

Contudo, o geólogo acredita haver boas razões para esperar que uma menor produção de petróleo nos EUA acabe levando ao aumento dos preços do petróleo.

Isso pode resultar na renovação da perfuração e em mais um ciclo de superabastecimento e preços mais baixos do petróleo, como já aconteceu.

"Mas uma nova fase da realidade econômica e dos preços do petróleo está decorrendo e ninguém sabe aonde isso levará. A menor demanda pode significar que a redução da produção de petróleo nos EUA seja vantajosa. A única coisa que parece certa é que os Estados Unidos não serão mais a superpotência petrolífera que eram antes de 2020", concluiu o especialista.

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