- Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Notícias sobre política, economia e sociedade do Brasil. Entrevistas e análises de especialistas sobre assuntos que importam ao país.

Redução de exportação de carne australiana à China pode beneficiar o Brasil, diz economista

© Folhapress / Eduardo Anizelli Gados na fazenda Nossa Senhora do Carmo, em Cumaru do Norte, no interior do Pará (foto de arquivo)
 Gados na fazenda Nossa Senhora do Carmo, em Cumaru do Norte, no interior do Pará (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Nos siga no
A Austrália anunciou nesta segunda-feira (15) que reduziu em 1,5% a previsão de exportação de carne bovina à China na temporada de 2020/21.

A atitude da Austrália vem acompanhada de uma escalada de tensão comercial entre os dois países. Em abril, o governo australiano pediu aos membros da OMS (Organização Mundial da Saúde) que apoiassem uma investigação independente sobre a origem do novo coronavírus.

Em maio, o governo chinês suspendeu as exportações dos quatro principais exportadores australianos de carne bovina, alegando problemas de rotulagem.

Em entrevista à Sputnik Brasil, a economista Anapaula Iacovino, especialista em agronegócio, professora da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), disse que a medida australiana pode beneficiar o setor agropecuário brasileiro.

"Não há a menor dúvida de que o Brasil pode se beneficiar dessa questão, o Brasil é um player importante nesse setor e já no ano passado, quando houve a questão da peste suína, as exportações brasileiras de carne suína para a China cresceram mais de 160%. Houve uma epidemia que abateu-se sobre o rebanho chinês e o Brasil no ano passado já se beneficiou, não só na questão da carne suína, mas na verdade nós aumentamos o volume de vendas para aquele país no ano passado. O Brasil tem todas as condições de se beneficiar, tanto em termos de volume exportado, quanto em termos de preço", disse à Sputnik Brasil.

Segundo a economista, o Brasil teria condições totais de arcar com o aumento de demanda.

"Preparo nós temos sim, o segmento brasileiro é bastante competitivo e tem plenas condições de dar conta, então em relação ao setor em si e sua capacidade de se reorganizar para atender essa mudança de conjuntura tem plenas condições", afirmou.

No entanto, Anapaula Iacovino chama atenção para o fato de que o Brasil ainda está enfrentando a pandemia da COVID-19, tem registrado números altos de novos casos confirmados e de óbitos e isso faz com que o país corra o risco de continuar com os frigoríficos fechados por muito tempo, diminuindo a oferta de carne bovina.

"A gente não pode perder de vista é que também o Brasil está atravessando essa pandemia, os números das vítimas seguem sendo crescentes, então a gente não pode perder de vista que assim como outros frigoríficos no mundo estão fechados porque os trabalhadores não têm condições de operar, o Brasil também pode ser vítima se não fizer um trabalho bem adequado de evitar que a oferta seja toda prejudicada", explicou.

Outro ponto destacado por Iacovino é o fato de que integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro já terem atacado a China e isso pode trazer consequências econômicas negativas para o Brasil.

"Representantes do governo já deram declarações desagradáveis sobre a China, então talvez a questão diplomática precisa ser cuidada, precisa ser vista com mais delicadeza, porque a China é um importantíssimo parceiro comercial do Brasil e tudo que nós não precisamos é de palavras impensadas que possam levar a um problema comercial", completou.
Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала