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Posição do governo do Brasil diante da pandemia pode aumentar perdas econômicas, diz especialista

© Folhapress / Diego PadgurschiGráfico das flutuações dos índices de mercado no pregão da BM & F Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo.
Gráfico das flutuações dos índices de mercado no pregão da BM & F Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo. - Sputnik Brasil
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Um relatório divulgado nesta segunda-feira (8) pelo Banco Mundial aponta que a economia brasileira deverá sofrer uma queda de 8% neste ano, com uma recuperação de 2,2% em 2021.

O recuo estimado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é maior do que o esperado para o bloco América Latina e Caribe, que teria queda de 7,2% em 2020. Em 2021, o Brasil também perde em relação aos países do continente. A estimativa do banco é de que a economia na América Latina e Caribe cresça em média 2,8%.

Se confirmada, a queda de 8% será a pior da história do Brasil. A série das contas nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começa em 1900, com a primeira variação registrada no ano seguinte. As piores retrações registradas até hoje ocorreram em 1990 (4,35%) e em 1981 (4,25%).

De acordo com Luana Miranda, pesquisadora da área de Economia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE), a retração econômica brasileira causada pela pandemia da COVID-19 é acompanhada também de fatores internos que dificultam o desempenho brasileiro.

"A situação brasileira se agrava mais pelo fato de estarmos vivendo não só a situação da pandemia e da crise econômica que é comum internacionalmente, mas uma particularidade que é a crise política, isso torna tudo muito mais difícil. A forma como o governo está se posicionando diante dessa crise sanitária também preocupa e pode intensificar as perdas", disse à Sputnik Brasil.

Miranda explica também que o Brasil vinha, antes da chegada da pandemia, de um momento de uma recessão grave, entre os anos de 2014 e 2016, e ainda não tinha conseguido se recuperar a economia.

"A crise acaba sendo mais intensa no Brasil do que internacionalmente porque nós ainda estávamos nos recuperando da última recessão nesse processo de crescimento muito lento e a crise sanitária nos pega em um momento de tentativa de consolidação fiscal. Foi aprovada a Reforma da Previdência, mas isso não resolveu o nosso problema fiscal, a reforma era uma condição necessária para o equilíbrio fiscal, mas não era suficiente, outras reformas deveriam vir. O país já segue com déficit primário há sete anos, então a situação fiscal no Brasil ainda era delicada, além disso a situação do mercado de trabalho também vinha em uma recuperação muito lenta após a recessão", explicou.

Segundo a economista, o Brasil só vai conseguir retornar ao patamar que estava antes da crise econômica causada pela COVID-19 no segundo semestre de 2022.

"De acordo com as projeções do IBRE, o país só irá retornar ao patamar pré-recessão no segundo semestre de 2022. O ano de 2021 ainda deve ser muito difícil devido ao grande aumento da dívida pública, vai ser necessário uma série de medidas para reconquistar esse equilíbrio fiscal para garantir a solvência da dívida. Vai ser um período ainda muito difícil para o Brasil, nós esperamos um crescimento ainda tímido em 2021, o que está em linha com as projeções do Banco Mundial, e nós recuperaremos esse patamar pré-crise sanitária no segundo semestre de 2022", completou.

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