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Estimativas de mais de 125 mil mortos pela COVID-19 no Brasil são 'reais', diz especialista

© REUTERS / Ricardo MoraesCoveiros preparam enterro de vítima do novo coronavírus, no Rio de Janeiro, 18 de maio de 2020
Coveiros preparam enterro de vítima do novo coronavírus, no Rio de Janeiro, 18 de maio de 2020 - Sputnik Brasil
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Estimativas de estudo feito nos EUA indicando que mortes pela COVID-19 podem chegar a mais de 125 mil em agosto no Brasil são "alarmantes", mas "reais", disse à Sputnik Brasil médico infectologista.

Segundo relatório do Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde da Universidade de Washington (IHME), divulgado na segunda-feira (25), o Brasil pode ultrapassar a triste marca de 125 mil mortos pelo novo coronavírus em agosto.

O país tem hoje o maior número diário de mortes registradas pela COVID-19, e em quantidade de casos confirmados só está atrás dos Estados Unidos.

Segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (27), o Brasil tem 25.598 óbitos causados pela doença e 411.821 casos.

Risco 'é muito, muito grande'

Para o médico infectologista Márcio Neves Bóia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a projeção do estudo "não é fora da realidade", e o "risco" do número de mortes crescer bastante "é muito, muito grande".

Para demonstrar que a estimativa não é irreal, Bóia cita como exemplo os próprios Estados Unidos, onde as mortes já passaram de 100 mil. Além disso, aponta características do Brasil que podem gravar a situação.

"Pela dimensão continental do país, pela desigualdade social, pela estruturação no momento do SUS [Sistema Único de Saúde], que sofreu um grande baque nos últimos anos com a mudança da política de saúde, com a desestruturação do atual ministério da Saúde, isso pode contribuir negativamente para a persistência da pandemia no Brasil", afirmou o especialista.

'Doença pode se tornar endêmica por meses e até anos'

O infectologista acredita ainda que há "risco" do Brasil se tornar o novo epicentro mundial da COVID-19, que, no pior cenário, não seria vencida em pouco tempo.

"A doença pode se tornar endêmica durante vários meses, até anos no país", disse.

O especialista aponta também a facilidade de transmissão do vírus e a grande "área de fronteira seca" do Brasil com outros países.

"O próprio vírus, a característica de transmissibilidade dele, que pode ser por gotícula, por aerossol, por contato, isso é uma questão muito importante na transmissibilidade e na persistência do vírus na população. Em um país continental, com características muito peculiares em cada região, a disseminação do vírus pode ser grande e prolongada", apontou Bóia, que é diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro.

Sem tratamento 'eficaz'

Para piorar a situação, Bóia ressalta a "angústia" diante da falta de vacinas e medicamentos eficazes contra a COVID-19, entre eles a "cloroquina" e a "hidroxicloroquina".

"Não temos nenhuma droga comprovadamente eficaz para o tratamento e até mesmo para minorar o impacto no corpo humano da COVID-19. Até o momento, são estudos de caráter experimental, que não tem comprovação de campo da eficácia desses medicamentos", disse o infectologista. 
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