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Sem socorro do governo, LATAM pode pedir recuperação também no Brasil, diz especialista

© AP Photo / DANIEL SLIM Um avião da companhia aérea LATAM
Um avião da companhia aérea LATAM - Sputnik Brasil
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Pedido de recuperação judicial da LATAM que ocorreu nos EUA pode se repetir no Brasil se governo não agir, principalmente via BNDES, disse à Sputnik Brasil o especialista no setor aéreo Ricardo Balistiero.

Nesta terça-feira (26), o grupo LATAM Airlines e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos entraram com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. O valor da dívida é de US$ 14,9 bilhões (cerca de R$ 79,6 bilhões). O motivo são os impactos da crise do coronavírus nas operações da companhia.

No entanto, as subsidiárias do grupo no Brasil, Argentina e Paraguai não estão envolvidas no processo de reestruturação.

Segundo Balistiero, que é economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o pedido não surpreendente, apesar da empresa, até pouco tempo atrás, apresentar situação financeira positiva.

"A pandemia responde a essa dificuldade que a LATAM e outras companhias áreas do mundo estão enfrentando. O setor de serviços é o mais afetado pela crise. O setor que comercializa bens, por exemplo, pode ter uma retração nesse momento, mas no futuro a pessoa pode comprar esse bem, um eletrodoméstico, uma roupa, um carro. Agora, no caso da viagem e da hospedagem, a pessoa simplesmente não vai fazer a viagem nesse momento", disse o ex-funcionário dos departamentos de finanças da Varig e da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).

Ao mesmo tempo, ressalta o economista, os custos das empresas aéreas continuam altos.

"Além de perderem receita, elas têm toda uma estrutura de custos que continua muito forte: manutenção, tarifas aeroportuárias, pessoal, tributação, leasing [espécie de aluguel de avião comercial]... Então todas essas questões pesam muito na estrutura de custos das empresas aéreas", explicou Balistiero.

Em função dessas dificuldades, o especialista acredita que no futuro a subsidiária da LATAM no Brasil, assim como outras empresas áreas do país, também podem entrar em crise e precisar pedir recuperação judicial.

'Vai depender da capacidade do governo'

Para evitar isso, o economista diz que a única maneira é uma ação coordenada e inteligente do governo para socorrer as companhias, como "tem ocorrido no mundo", o caso mais "emblemático" o da "Lufhtansa", que recebeu US$ 9 bilhões (cerca de R$ 48 bilhões) para enfrentar a crise.

"Vai depender muito da capacidade do governo brasileiro, principalmente via BNDES, de socorrer essas empresas. Não tem muita saída se analisarmos o que tem ocorrido no mundo. Do contrário, corremos o risco de não só a LATAM optar pela recuperação judicial, como outras empresas seguirem na mesa esteira”, afirmou.

Para Balistiero, o socorro do governo pode ser feito de várias maneiras, como "linhas de crédito", "negociações de tributos", "todos os expedientes possíveis para manutenção de pessoal", "preço do combustível, que passa pela Petrobras", e "tarifas aeroportuárias".

'Engenharia financeira bem feita'

O importante, segundo o especialista, é ter "agilidade e, principalmente, uma engenharia financeira bem feita por parte do BNDES para fazer esse socorro, sem que isso onere sobremaneira o orçamento público, que já está bastante onerado por conta de todo o pacote de ajuda" em função da crise do coronavírus.

Nesta segunda-feira (25), porém, indo na contramão do indicado pelo economista, o presidente Jair Bolsonaro vetou emenda do Congresso à Medida Provisória 907, que permitia às empresas aéreas não pagarem imposto em 2021 e 2022 ao fazer leasing. 

'Molezinha para empresa aérea'

Além disso, na reunião ministerial do dia 22 de abril, que teve conteúdo revelado no âmbito de investigação sobre possível interferência de Bolsonaro em investigações da Polícia Federal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que "não vai ter molezinha para empresa área".

O BNDES e Latam, Gol e Azul negociam linha de financiamento de até R$ 7 bilhões desde o início da crise do coronavírus. Em março, o banco anunciou que o crédito sairia em abril, mas até agora o socorro não saiu. 

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