Itália cortou na saúde e já não tem 'armas contra coronavírus', desabafa italiano infectado

© REUTERS / Flavio Lo ScalzoAgente sanitário com paciente infectado pelo coronavírus na Itália
Agente sanitário com paciente infectado pelo coronavírus na Itália - Sputnik Brasil
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Um escritor conta sua experiência em um hospital em Itália em meio à pandemia do novo coronavírus no país. Agora isolado em casa, diz que "é uma febre muito má", mas decidiu lutar.

Gianni Bandiera, um escritor italiano e funcionário de laboratório hospitalar, deu uma entrevista à Sputnik Itália relatando como foi recentemente infetado com o novo coronavírus.

Quando questionado sobre como isso aconteceu, diz: "Eu trabalho no hospital em Parma [norte de Itália], por isso provavelmente poderia ter ficado exposto lá." O teste da COVID-19 depois deu positivo.

"Eu costumava trabalhar no laboratório que faz testes bacteriológicos de zaragatoa. Mas o problema não era com os testes, porque não era eu que os fazia. O problema era que éramos quatro em uma sala pequena."

Bandiera diz que na manhã do dia da entrevista não se sentiu com febre, ao contrário do dia anterior, quando se sentiu "muito doente, e também psicologicamente".

O escritor relata que a Itália tem cortado nos cuidados de saúde desde há anos, por isso, "agora que a 'guerra' rebentou, já não temos armas contra este vírus". Ele mesmo trabalha em um hospital, e diz que lá só ficam pessoas com problemas pulmonares, ao contrário dele, que tem febre e tosse.

Como trabalhador de laboratório infetado, é obrigado a ficar em quarentena, o mesmo se aplicando aos companheiros do hospital. Houve muitos médicos que contraíram a COVID-19, mas alguém tem de cuidar dos doentes, por isso o pessoal médico fica excluído dessa regra, conta à Sputnik.

"Estou recebendo uma chamada do serviço de inspeção sanitária para saber do meu estado. Eles deviam ligar-me todos os dias, mas não ligam. Eles abriram uma linha de apoio psicológico porque estamos trancados sozinhos com febre alta", diz Gianni Bandiera.

O entrevistado não consegue oferecer uma estimativa sobre a duração da doença no seu caso, referindo que não a teve durante 40 dias, mas depois voltou. Segundo o que lhe disse o serviço de saúde, algumas pessoas têm febre durante 20 dias.

O dia a dia dele

Devido ao seu atual estilo de vida recluso, seu irmão traz-lhe produtos. "Todos meus amigos me ligam, mas fui eu que me desliguei porque não tinha energia e estava com o moral em baixo."

Em relação à pergunta se consegue se distrair com alguma coisa hoje, diz que não tem capacidade para ler livros ou ouvir música, afirmando que os "que normalmente leem muito, agora leem muito pouco porque o cérebro não funciona".

"É uma febre muito má", diz ele à agência. No entanto, ele não planeja continuar cabisbaixo.

"Ontem à noite decidi lutar, ser positivo e não ficar mais com raiva", disse Bandiera. Ele planeja fazer "uma grande festa" assim que recuperar.

O escritor afirma que "o planeta está resistindo" contra a degradação do ecossistema, e que estamos "enfrentando as consequências". Ele crê que vacinação contra o SARS-CoV-2 deveria ser obrigatória.

A Itália registra 86.498 casos do novo coronavírus, 10.950 recuperações e 9.134 mortes desde que a pandemia começou se espalhando no país.

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