Reeleição de Almagro na OEA reforça política externa do Brasil com os EUA, diz analista

© AP Photo / Michael A. McCoyDa esquerda para a direita: o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, o secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, e a conselheira permanente, Riyad Insanally, durante encontro do Conselho Permanente da OEA, em 17 de janeiro de 2020
Da esquerda para a direita: o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, o secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, e a conselheira permanente, Riyad Insanally, durante encontro do Conselho Permanente da OEA, em 17 de janeiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Na sexta-feira (20), Luis Almagro foi reeleito secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). A Sputnik Brasil ouviu um especialista em Relações Internacionais que explicou o que isso significa para o Brasil.

Para Fernando Almeida, coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), a eleição de Almagro se inclui dentro dos interesses do atual governo do Brasil.

"O interesse brasileiro é que ele continue apoiando as políticas mais conservadoras da atual política externa brasileira com vistas a um realinhamento do hemisfério em torno dos Estados Unidos", diz o professor em entrevista à Sputnik Brasil.

Almagro alcançou a reeleição com 23 dos 34 votos possíveis. Sua principal concorrente, a ex-chanceler do Equador, María Fernanda Espinosa, teve 10 votos. A votação foi envolta em polêmica, uma vez que diversos representantes dos países membros defendiam o adiamento da eleição devido à pandemia da COVID-19.

​A segunda colocada na eleição tem uma visão oposta à de Almagro em questões como a da Venezuela. Espinosa defende a manutenção de um diálogo permanente com o governo venezuelano, enquanto Almagro representa o grupo de países que se opõe ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e apoia seu opositor, Juan Guaidó, que estava representado na votação em Washington.

"O que o Almagro vai pegar nos próximos cinco anos é também uma OEA bastante polarizada e essas discussões vão continuar. Aí o apoio brasileiro a ele é muito importante", avalia.

Sobre isso, o professor Almeida também aponta que a OEA é uma entidade historicamente alinhada aos EUA, cujo secretário de Estado, Mike Pompeo, deu apoio à reeleição de Almagro.

"A pressão que os Estados Unidos sempre conseguiram exercer sobre os países menores vai continuar, embora haja vários países menores que discordem dessa orientação. O Brasil vinha discordando disso, evidentemente. E dentro de um projeto mais voltado para a América Latina foi até criada a UNASUL, em 2008, da qual o nosso governo se retirou no ano passado e agora está praticamente eliminada", explica Almeida.
© AP Photo / Jacquelyn Martin / Acessar o banco de imagensLuis Almagro, secretário-geral da OEA
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Luis Almagro, secretário-geral da OEA

A influência dos EUA sobre a OEA, defende o professor, também abala a importância da própria organização diante da comunidade internacional.

"A importância dela é bastante relativa por conta dela ser vista como um órgão em que os interesses dos Estados Unidos são predominantes", aponta.

Essa visão internacional sobre o órgão supera a posição oficial da OEA, que se afirma como uma organização que visa o consenso e o equilíbrio.

"O Almagro diz isso o tempo inteiro. Quando ele foi eleito em 2015, ele disse que o objetivo dele era restabelecer a credibilidade da OEA. Seria interessante ele especificar também a que período de credibilidade ele está se referindo.

Eleito como secretário-geral da OEA em 2015, Almagro, que já foi chanceler do Uruguai durante o governo de Pepe Mujica, entre 2010 e 2015, permanece no cargo até 2025 com a reeleição.

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