Choques nos preços petrolíferos podem ser 'última gota' para mercados dos EUA, alertam especialistas

© AP Photo / Richard DrewBolsa de valores de Nova York, 20 de junho de 2019
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De acordo com Stephen Schork, autor do relatório de energética Schork, a queda dos preços petrolíferos pode levar a um "banho de sangue" no xisto norte-americano.

Na terça-feira (10), os rendimentos do Tesouro se recuperaram depois do grande golpe no mercado acionário de segunda-feira (9), que foi impulsionado pela ansiedade dos investidores sobre a contínua propagação do coronavírus e a queda dos preços petrolíferos.

A queda dos preços do petróleo tem sido sugerida como uma provável "razão principal" para a volatilidade do mercado de crédito dos EUA e os rendimentos historicamente baixos do Tesouro, contra o pano de fundo dos mercados que sofreram vendas históricas na segunda-feira (9), de acordo com estrategistas citados pela CNBC.

O estrategista de renda fixa Thomas Tzitzouris, da Strategas Research Partners, salientou que o mercado de crédito é altamente sensível às flutuações do preço do petróleo devido ao envolvimento das empresas na produção, distribuição e exploração de energia, que emitem uma "grande parte" dos títulos de alto rendimento dos EUA, e é citado como dizendo:

"Há ali apenas uma grande alavancagem."

A vulnerabilidade dessas empresas aos "choques" dos preços petrolíferos foi confirmada por Charles-Henry Monchau, diretor de investimentos da Al Mal Capital, empresa de investimento de gestão, sediada em Dubai, que acrescenta:

"Eles estão à beira, para alguns deles, de falências, e obviamente isto pode ter um efeito de onda em todo o mercado de crédito", disse ele no programa "Capital Connection" da CNBC.

Queda do preço do petróleo

Na segunda-feira (9), os preços do petróleo caíram mais de 30% depois que a OPEP e seus aliados não conseguiram um acordo sobre os cortes de produção na semana passada.

Um acordo de três anos entre a OPEP e a Rússia terminou na sexta-feira (6) depois que Moscou rejeitou o corte adicional proposto de 1,5 milhão de barris por dia na produção de petróleo bruto até o final de 2020 para lidar com o surto de coronavírus, insistindo em manter os volumes atuais.

© REUTERS / Andrew KellyNegociadores trabalham no andar da Bolsa de Nova York (NYSE), nos EUA, em 10 de março de 2020
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Negociadores trabalham no andar da Bolsa de Nova York (NYSE), nos EUA, em 10 de março de 2020

Como resultado, os Estados membros da OPEP+ não terão obrigações de limitar a produção de petróleo a partir de 1º de abril.

O principal produtor da OPEP, a Arábia Saudita, respondeu removendo todos os limites à sua própria produção, levando os preços do petróleo a cair vertiginosamente por causa das mudanças no abastecimento.

O movimento levou a um choque nos mercados financeiros, uma vez que a intensa ansiedade dos investidores sobre a propagação contínua do coronavírus foi agravada ainda mais pela queda do preço do petróleo, provocando enormes perdas no mercado na segunda-feira (9).

Recente recuperação

Os preços do petróleo subiram pelo segundo dia consecutivo na quarta-feira (11), com os futuros do petróleo bruto do tipo Brent subindo US$ 1,44 (R$ 6,93), ou 3,9%, para US$ 38,66 (R$ 186,14) por barril até às 2h26, horário de Greenwich (23h26, horário de Brasília), ao mesmo tempo que o petróleo bruto do tipo West Texas Intermediate ganhou US$ 1,12 (R$ 5,39), ou 3,3%, para chegar a US$ 35,48 (R$ 170,84) por barril.

Apesar da recuperação dos futuros do petróleo bruto, Thomas Tzitzouris adverte que eles ainda estão muito baixos para os produtores dos EUA.

"Grosso modo, você pode argumentar que abaixo de US$ 40 [R$ 192,61] o petróleo, a maioria desses nomes, especialmente no espaço de alto rendimento, realmente não pode sobreviver. Essa queda no petróleo foi talvez a gota d'água final para os mercados de crédito dos EUA."

Por causa do colapso das conversações da OPEP+ sobre um acordo para cortar a produção bruta, a Arábia Saudita decidiu aumentar a produção, disse Stephen Schork. Como resultado, o editor do relatório Schork acrescentou, referindo-se à consequente descida a pique dos mercados globais na segunda-feira (9), que a indústria de xisto dos EUA estava à beira de um "banho de sangue" antes desses eventos.

"A decisão da Arábia Saudita e da Rússia na última semana vai apenas acelerar o desaparecimento de uma parte significativa do xisto dos EUA no próximo ano", prevê Tzitzouris.

O estrategista de renda Thomas Tzitzouris prevê um "efeito de arrastamento" dos desenvolvimentos para o mercado de títulos dos EUA, vendo a aproximação de uma recessão.

"Os mercados de crédito sinalizam que estamos chegando perto do ponto de não retorno, onde uma recessão é mais ou menos inevitável [...] Todos esses mercados – Tesouro, ações, crédito – estão sinalizando que, agora mesmo, os EUA estão muito perto de uma recessão dentro das próximas quatro a oito semanas", disse.

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