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Apoio do Brasil aos EUA dificulta acordos de segurança com a Argentina, diz professor

© AP Photo / Daniel JayoO presidente da Argentina, Alberto Fernández, à esquerda, cumprimenta o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, durante a cerimônia de posse do presidente argentino.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, à esquerda, cumprimenta o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, durante a cerimônia de posse do presidente argentino. - Sputnik Brasil
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No dia 12 de fevereiro o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, é aguardado em Brasília para um encontro com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

A visita vem em meio às expectativas criadas sobre a relação Brasil-Argentina após a eleição do presidente Alberto Fernández e a troca de farpas com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Fernández, que em mais de uma ocasião demonstrou apoio e simpatia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentou apoio aberto de Bolsonaro ao seu adversário na corrida eleitoral argentina de 2019, o ex-presidente Maurício Macri. Desde então circulam especulações sobre como serão as relações entre os governos das duas maiores economias da América do Sul, uma vez que ambos sustentam visões políticas distintas.

© Foto / Agência Brasil Brasil recebe da Argentina a Presidência pró-tempore do Mercosul, em agosto de 2019
Apoio do Brasil aos EUA dificulta acordos de segurança com a Argentina, diz professor - Sputnik Brasil
Brasil recebe da Argentina a Presidência pró-tempore do Mercosul, em agosto de 2019

Um dos campos em questão diante da relação entre Brasil e Argentina é das relações comerciais, como por meio do Mercosul, e sobre isso a Sputnik Brasil conversou com o argentino Eduardo Crespo, professor de Economia Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Crespo reforça que há uma clara distinção ideológica entre os governos, e aponta que o encontro dos ministros deve focar no pragmatismo.

"Acho que vão tentar pelo menos manter o nível de exportações, de relações econômicas em que já estão, não perder isso. Agora, tampouco, acho que vá ter uma grande melhora no intercâmbio comercial e das trocas", avalia o professor Crespo em entrevista à Sputnik Brasil.

O especialista explica que para além dos fatores políticos, a expectativa de que as relações comerciais não devem se alterar, por ora, tem fundamento também na situação econômica dos países.

"Obviamente são duas economias que ainda estão em uma situação muito difícil. A economia argentina especialmente, mas a brasileira está demorando muito a sair do buraco", explica.
© Foto / Reprodução TwitterO presidenciável argentino Alberto Fernández publicou mensagem de apoio ao ex-presidente Lula
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O presidenciável argentino Alberto Fernández publicou mensagem de apoio ao ex-presidente Lula

Sobre a situação da economia argentina, Crespo aponta que os dois primeiros meses de governo de Fernández demonstram foco na negociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O que vai ter daí em diante é uma política extremamente centrada em pelo menos organizar as contas com o exterior, seja a dívida, seja o número de exportações que a Argentina tem nesse momento", diz Crespo, que sintetiza em seguida: "A prioridade hoje na Argentina é reestruturar a dívida externa".

Crespo reitera que as relações entre Brasil e Argentina nesse contexto devem se manter estáveis a nível diplomático, relembrando a ida do vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, à posse de Fernández, no final de 2019. À época, especulou-se que o governo brasileiro não enviaria representantes para a cerimônia devido ao clima de animosidade entre Bolsonaro e o então presidente eleito da Argentina.

Crespo conclui a entrevista comentando que a aproximação bilateral entre os governos no Mercosul não deve ir muito longe em questões de segurança, uma vez que o Brasil tem clara tendência de apoio aos Estados Unidos.

"Eu acho que deixa muito difícil muitos acordos com um governo como o de Bolsonaro que é absolutamente pró norte-americano, principalmente [acordos] envolvendo segurança nacional", aponta.

"Acho que se houver algum tipo de acordo, será com muita prudência", conclui.

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