Milícias do Iraque poderiam iniciar operações contra tropas dos EUA se Washington negar sua retirada

© AFP 2023 / THOMAS COEXMilitares dos EUA em Mossul, Iraque (foto de arquivo)
Militares dos EUA em Mossul, Iraque (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Embora Washington alegue que a presença de tropas norte-americanas é necessária no Iraque para combater o terrorismo, especialistas dizem que este argumento é inválido e pode conduzir a reação negativa de Bagdá se os EUA continuarem a rejeitar a soberania do governo iraquiano.

O autor, jornalista e ativista antiguerra Mazda Majidi e Dan Kovalik, advogado de direitos humanos e trabalhistas e autor do livro "O trama para atacar o Irã: como a CIA e o Estado Profundo conspiraram para difamar o Irã", debateram em entrevista à Sputnik Internacional as recentes exigências do governo iraquiano perante as forças dos EUA presentes no seu território, fazendo suas previsões do que poderá acontecer na região.

Jornalista Mazda Majidi afirmou que será "cada vez mais difícil para Trump e sua administração justificar a presença continuada" de tropas dos Estados Unidos no Iraque após o parlamento do país árabe ter aprovado a retirada das tropas estrangeiras e o primeiro-ministro interino do Iraque ter pedido ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para enviar representantes a fim de acordar a retirada das tropas.

Além disso, Majidi salientou que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na sua coletiva de imprensa na manhã de quarta-feira (8) que ele tinha derrotado "100% do Daesh (organização proibida na Rússia e em outros países) e o seu califado territorial", alegando a responsabilidade pela morte do líder da mesma organização terrorista, Abu Bakr al-Baghdadi, em outubro passado.

Sendo assim, disse o ativista, a suposta missão dos EUA no Iraque para treinar forças iraquianas para combater o Daesh está concluída. Entretanto, as ações de Washington depois da decisão do parlamento iraquiano demonstram "o pouco respeito que os EUA têm pela jurisdição e soberania do Iraque", comentou.

Comentando o rascunho de carta não assinado entregue a funcionários do governo iraquiano e aceitando a retirada das tropas americanas, o presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Mark Milley, observou que a retirada das tropas "não é o que está decorrendo". Por sua vez, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, reforçou esta posição dizendo que "não foi tomada qualquer decisão para deixar o Iraque. Ponto final".

"Os EUA acreditam que têm domínio sobre o mundo inteiro," disse Kovalik, estando de acordo com as observações de Majidi sobre o desrespeito por parte de Washington da soberania de Bagdá. "É assim que eles justificam alegados atos de autodefesa, mesmo quando eles ocorrem do outo lado do mundo."

No entanto, tendo em conta a escalada de tensões na região e a decisão do parlamento iraquiano, existe uma forte possiblidade que o Iraque possa se voltar contra as tropas dos EUA no país atacando-as.

"Que tipo de justificação será dada ao povo americano de tropas dos EUA estarem morrendo em um país que não nos quer mais?", questiona Kovalik.

"Eles [milicianos iraquianos] podem realizar operações contra as forças dos EUA", advertiu Majidi, salientando que as forças do Iraque podem "ter algo a dizer" e dar sua própria resposta.

Na madrugada de quarta-feira (8), o Irã atacou com dezenas de mísseis balísticos duas bases aéreas iraquianas, que abrigam tropas estadunidenses, em resposta ao recente assassinato de Soleimani.

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