Acordo entre China e Estados Unidos revitalizará a economia mundial? Opinião de especialistas

© REUTERS / Jason LeeBandeiras da China e EUA (foto de arquivo)
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Segundo o Banco Mundial, um acordo comercial entre a China e os EUA não melhoraria significativamente a economia mundial, mas pode ser um fator de confiança.

O mercado de fundos de investimento se encontra na expectativa. Segundo o especialista da Academia Chinesa de Relações Internacionais, Chen Fengying, a economia mundial está em uma encruzilhada e um acordo China-EUA não resolveria de imediato os problemas acumulados. Mas será sempre um sinal positivo para os mercados.

Segundo o BM, o acordo só influenciará positivamente a economia se forem removidas todas as "incertezas políticas", o que se afigura pouco provável. A previsão de crescimento para os próximos três anos piorou para quase todos os países, em comparação com a previsão de junho. Isto se deve aos problemas financeiros das nações em desenvolvimento, que até aqui tinham apresentado boas taxas de crescimento. Entre eles está o aumento da dívida, que vem acontecendo desde 2010 a um ritmo mais rápido do que em qualquer outro momento nos últimos 50 anos, e consequente queda da produtividade.

Mas os países desenvolvidos também enfrentam riscos econômicos. O BM chama a atenção para o crescimento das tarifas aduaneiras e consequente contração do comércio, incerteza nas relações econômicas e quebra de confiança dos investidores. Por isso, segundo o BM, a economia dos EUA em 2020 crescerá somente 1,8%, bem longe dos mais de 3% prometidos por Trump no ano eleitoral.

A economia da China crescerá menos de 6% em 2020 – o índice mais baixo dos últimos 30 anos. Globalmente, a economia mundial terá um crescimento de 2,5% em 2020 e atingirá os 2,7% em 2022 - sempre segundo o BM.

Este prognóstico difere significativamente das expectativas dos investidores, que se sentiam esperançados com a próxima assinatura da "primeira fase" do acordo comercial entre os EUA e a China, a ter lugar entre 13 e 15 de janeiro. Desde dezembro, com a divulgação dos termos do acordo, as bolsas mundiais têm reagido positivamente.

'Nem tudo depende das relações sino-americanas'

Outras entidades internacionais também fazem previsões otimistas. É o caso do FMI, que prevê um crescimento da economia mundial de 3,4% para 2020. Mas o BM alerta para o fato de a "primeira fase" do acordo não resolver os problemas estruturais, sobretudo nos países em desenvolvimento. São necessárias reformas fundamentais e estruturais para que o clima de negócios melhore e o crescimento acelere.

Nem todos os problemas da economia mundial estão exclusivamente ligados às relações entre a China e os EUA.

Muitas instituições internacionais, como a OMC, enfrentam dificuldades, fato que também influencia o crescimento da economia mundial, afirmou à Sputnik China Chen Fengying, do Instituto da Economia Mundial da Academia Chinesa de Relações Internacionais.

Segundo este especialista, para além dos problemas levantados pelo BM, nem tudo depende das relações sino-americanas. Nem sequer está claro o que vai acontecer com a OMC e como o Banco Mundial se vai desenvolver. E em que direção irão as reformas? Não há uma resposta inequívoca a estas perguntas. Não se pode esperar que a resolução de um só problema resolva os restantes. Mas há que ver o lado positivo da questão, que é a reação positiva do mercado, e esperar que em um futuro próximo se chegue a um acordo global. A assinatura da "primeira fase" é sempre melhor do que não haver acordo nenhum.

"Eu não acho que a assinatura do acordo da "primeira fase" impulsione a economia mundial na sua totalidade. Porque agora estamos enfrentando problemas muito grandes, pois a economia mundial está em uma encruzilhada. Seja a ciência ou a tecnologia, os sistemas ou as estruturas – ainda não sabemos como tudo isto se irá desenvolver. O acordo somente dará confiança à comunidade internacional, mas nunca resolverá todos os problemas. Por isso, na minha opinião, nesta clima de insegurança, qualquer certeza é um sinal positivo", concluiu Chen Fengying.

Os EUA, por seu turno, demonstraram uma postura de unilateralidade ao introduzir taxas aduaneiras sobre os produtos chineses e ao pôr fim às conversações comerciais. A China, inicialmente, se mostrou contrária a participar de uma guerra comercial, mas se viu obrigada a ripostar. Atualmente Os EUA aparentemente se deram conta da necessidade de celebrar um acordo. Segundo o último relatório do Banco Mundial, o principal obstáculo ao crescimento econômico dos EUA são as tarifas alfandegárias e o protecionismo comercial.

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