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Abertura de impeachment contra Trump afetará relações Brasil-EUA?

© AP Photo / Evan Vucci Bolsonaro e Trump na Casa Branca.
Bolsonaro e Trump na Casa Branca. - Sputnik Brasil
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O processo de impeachment de Donald Trump não impactará relações com o Brasil, mas China pode tirar proveito da situação para enfraquecer republicano, disse à Sputnik Brasil o economista e analista político Carlo Barbieri.

Segundo o presidente do Grupo Oxford, empresa de consultoria brasileira nos Estados Unidos, "a repercussão interna" do pedido de afastamento do presidente americano "foi muito forte". No entanto, Barbieri apontou que do ponto de vista das relações com o Brasil e com o resto do mundo o processo não terá impacto.

"Não vejo nenhuma repercussão de países prevendo o que fazer com seus acordos se o Trump cair", afirmou o economista. Até porque, segundo ele, a possibilidade do presidente dos EUA deixar o cargo é mínima.

"A chance do impeachment se concretizar é pequena. A questão tem que ser julgada ao final no Senado, onde os republicanos têm maioria, e eles não vão aprovar", sustentou. Mesmo assim, "o impacto junto à opinião pública local é grande, você ter um candidato à reeleição que tem em cima de sua cabeça a possibilidade de afastamento", acrescentou.

Alinhamento Bolsonaro e Trump

O presidente Jair Bolsonaro tem como um dos seus principais aliados os EUA de Trump. O governo e a diplomacia brasileira já declararam diversas vezes que o presidente americano é um  exemplo a ser seguido. Barbieri critica a postura: "É uma relação quase carnal, o que tem um risco".

Um alinhamento tão forte com um governante pode prejudicar o país caso os ventos soprem para outra direção política. Nesse sentido, o especialista sente falta do Brasil demonstrar mais claramente seus interesses na hora de disputar o xadrez internacional. "Vejo mais uma negociação de solidariedade do que comercial", disse.

'Objetivo é enfraquecer candidatura de republicano'

Para o analista o objetivo da abertura do processo é mais "desestabilizar" Trump do que derrubá-lo.

"Há um desejo enorme do Partido Democrata no sentido de criar fatos políticos que venham de alguma maneira impedir a candidatura de Trump, ou pelo menos deixá-lo em uma posição defensiva durante a campanha".

Segundo Barbieri, enfraquecer o republicano politicamente seria essencial para os democratas, pois a economia americana vive um bom momento e nos últimos 40 anos vem representando o fiel da balança para um candidato ser reeleito ou não.

"George Bush saiu da Guerra do Iraque como herói, mas a situação econômica era ruim. Ele perdeu a eleição. Bill Clinton sofreu uma ameaça de impeachment, mas nem se preocupou, pois a situação do país era extremamente favorável. Hoje, com a economia com pleno emprego e crescimento previsto de 3%, fica muito difícil derrubar um candidato à reeleição", avaliou o economista.

Barbieri também considera que a crise envolvendo Trump pode ser benéfica para a China, que trava uma guerra comercial com os EUA: "Os chineses colocam todas as suas cartas na perspectiva da não reeleição de Trump. A China perdeu 125 bilhões de dólares com a guerra comercial, teve que baixar os preços dos seus produtos para compensar os impostos criados pelos americanos. Por isso, os chineses querem enfraquecer Trump para se favorecer nas negociações".

O que motivou o pedido de impeachment?

Trump pediu para o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, entrar em contato com o secretário de Justiça americano, William Barr, para conversar sobre uma potencial investigação de corrupção envolvendo o ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Presidência Joe Biden, mostra a transcrição de um telefona realizada em julho.

Foi essa conversa e o possível conluio com um governo estrangeiro que motivou a abertura do impeachment.

"É um fato concreto, ao contrário das tentativas anteriores para iniciar um procresso de afastamento de Trump. Biden é o nome mais forte para disputar as eleições com os republicanos, por isso o interesse em minar sua candidatura", considerou Barbieri.

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