OTAN asiática: poderia China criar uma aliança militar com seus vizinhos?

© Sputnik / Vitaliy AnkovMilitares chineses durante a cerimônia de abertura da competição internacional Copa do Mar-2017 em Vladivostok
Militares chineses durante a cerimônia de abertura da competição internacional Copa do Mar-2017 em Vladivostok  - Sputnik Brasil
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O medo de que a China venha a criar um bloco militar na Ásia já existe há vários anos.

No contexto das tentativas dos EUA de fazer frente ao gigante asiático em diferentes áreas, a colunista Sofia Melnichuk da Sputnik analisa se Pequim estará realmente disposto a criar uma aliança militar com países vizinhos.

No passado mês de junho, o presidente da China, Xi Jinping, sugeriu pensar em uma "estrutura de segurança" na região durante uma reunião com seus parceiros euroasiáticos no âmbito da Conferência sobre Interação e Medidas de Confiança na Ásia, que decorreu em Duchambe (Uzbequistão).

Aliança asiática

Alguns especialistas qualificaram esta iniciativa como um desejo de criar uma aliança em oposição à Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma espécie de OTAN asiática.

No entanto, se unir contra o Ocidente em um bloco asiático será bastante problemático, nota a colunista.

A proposta do presidente chinês surge após a publicação do relatório do Departamento de Defesa dos EUA que critica as atividades da Rússia, Coreia do Norte e, sobretudo, da China.

"A China utiliza incentivos e sanções econômicas, influencia as operações, usa ameaças militares para persuadir outros Estados a seguirem o seu programa", diz o relatório.

Embora o relatório não mencione a possibilidade de Pequim poder vir a criar um bloco militar na região, verifica-se que os EUA já estão trabalhando com os países vizinhos para conter a China.

De fato, parece que o círculo de aliados estadunidenses está se apertando em volta da China: o Japão, a Austrália e a Índia fazem parte do Diálogo de Segurança Quadrilateral, e para além disso, EUA têm parceiros de confiança no Sudeste Asiático.

"Há desafios na região e aquilo que Xi Jinping diz não representa planos agressivos, mas sim uma reação forçada", comentou à Sputnik Sergei Sanakoyev, Chefe do Departamento Analítico Russo-Chinês do Centro de Investigação da Ásia-Pacífico.

O importante para Pequim agora é ter a oportunidade de se reunir com os parceiros, debater determinados problemas e pensar em conjunto sobre a sua solução.

Para tratar disso podem ser utilizados o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, o grupo BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai, sendo esta última a estrutura principal em termos de segurança na Ásia. Nesta plataforma Pequim apresenta suas iniciativas, aumenta a confiança e propõe todo o tipo de eventos, explica a autora do artigo.

Política asiática

A China simplesmente não tem razões para se transformar em um adversário aberto dos EUA nem criar um bloco militar. Os acordos a as declarações que Pequim assina com outros países não podem ser qualificados como alianças.

"[ A criação] da OTAN asiática é simplesmente impossível", disse à Sputnik Vasiliy Kashin, especialista principal do Centro de Estudos Europeus e Internacionais da Escola Superior de Economia.

Todos estes países são maiores que os ocidentais e têm suas próprias obrigações e interesses.

"A ideia de que a China irá criar sua própria OTAN se deve a uma falta de compreensão de como funciona a política na Ásia. As pessoas usam estereótipos, fazem paralelos como Guerra Fria, coisas que simplesmente não funcionam na região asiática", destacou Kashin.

O especialista explicou que a ordem mundial asiática é mais complexa que a europeia, por isso aplicar o mesmo padrão aqui não faz muito sentido.

© REUTERS / Damir SagoljSoldados do Exército da Libertação Popular da China
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Soldados do Exército da Libertação Popular da China

Na Ásia não existe uma aliança única, o que limita consideravelmente as capacidades dos EUA na região.

"Os americanos não conseguiram unir os parceiros asiáticos. Inclusive, é difícil fazer cooperar o Japão com a Coreia do Sul, por exemplo", salientou Kashin.

Ao mesmo tempo, o pilar de segurança de Tóquio é a sua aliança com os Estados Unidos. A Austrália é também um aliado dos EUA. Qualquer documento relativo à defesa que se assine com os chineses se discute com Washington

A formação de uma rede de alianças político-militares não está entre os planos dos líderes chineses.

Reconhecer tal necessidade significaria uma revisão de todo o conceito de política exterior do seu país, formado desde os tempos de Deng Xiaoping.

A retórica pacífica continua sendo parte da imagem da China no âmbito internacional, mas o país também não esconde a necessidade de fortalecer as suas Forças Armadas.

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