Pagando por inexistências no acordo: Bulgária dará mais dinheiro por caças F-16 dos EUA

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A Bulgária terá que fazer gastos adicionais que não foram mencionados no acordo de compra dos caças americanos F-16, proposto pelos EUA, revela analista.

O redator-chefe da revista AERO, Krasimir Grozev, deu uma entrevista ao canal NOVA, onde abordou a oposição entre o presidente búlgaro Rumen Radev e o ministro da Defesa Krasimir Karakachanov em torno da compra dos F-16.

Anteriormente, o presidente afirmou por diversas vezes que o projeto de contrato implica claramente a recusa de uma parte considerável do pacote de serviços e equipamento para os jatos.

De acordo com Grozev, o Ministério da Defesa poderia provar que o presidente se engana em suas avaliações, mas por alguma razão não o faz.

"O Ministério da Defesa [...] pode tranquilamente mostrar os documentos e dizer: 'Veja, não há diferença entre o que queríamos em fevereiro e o que nos foi oferecido no contrato agora'", declarou Grozev.

O analista exortou o ministério a falar abertamente sobre o tipo de cortes que se está falando, porque são os contribuintes que vão pagar os F-16.

Que valor exato a Bulgária paga?

Outro analista militar, Dobromir Totev, afirmou que o preço proposto pelos EUA, (R$ 4,77 bilhões) inclui tudo que é necessário para o pleno uso dos aviões. Ao mesmo tempo, ele partilha a visão de Grozev sobre serem necessárias despesas adicionais para assegurar a infraestrutura necessária na base aérea de Graf Ignatievo.

"O contrato só diz respeito ao equipamento. Os hangares e armazéns adicionais terão que ser construídos às nossas custas", disse Totev. Grozev acrescentou que se trata de mais de US$ 56 milhões (R$ 215 milhões) de despesas adicionais.

Anteriormente, o presidente da Bulgária Rumen Radev criticou mais uma vez o decurso das negociações sobre os F-16.

Radev disse estar certo de que o preço anunciado no projeto de acordo (mais de 1,1 bilhão de euros) implica a redução de uma parte significativa do pacote: o número de motores e peças de reposição e o volume do apoio logístico integrado. Além disso, o pacote não fornece equipamentos para o aeródromo operacional. O armamento também foi significativamente reduzido: o presidente comparou-o com o armamento da Segunda Guerra Mundial.

"A construção da infraestrutura multimilionária na base aérea de Graf Ignatievo é totalmente por nossa conta, em termos de transporte - a mesma coisa. Para além disso, o número de mísseis ar-ar virou simbólico e as armas de alta precisão, destinadas à neutralização de alvos terrestres (ou seja, a principal função dos caças multiuso), se evaporaram. Não há uma única munição de alta precisão, apenas algumas, um número simbólico, de bombas que eram lançadas ainda durante a Segunda Guerra Mundial", disse Radev.

Que motivos perseguem os responsáveis?

O vice-comandante da base aérea de Graf Ignatievo também comentou a compra dos caças americanos. O coronel Nikolai Rusev disse que por trás do procedimento de escolha da nova aeronave esteve a ambição de alguém.

"Caros búlgaros, não acreditem em diletantes e funcionários que dizem com entusiasmo à mídia que tipo de avião é bom e que tipo de avião não é. Os especialistas estão aqui, nas bases aéreas e na Força Aérea. É lastimável e indigno que algumas pessoas tentem usar tais termos como estratégia, geopolítica e segurança nacional para esconder as suas ambições pessoais, simpatias e, até mesmo, obrigações", declarou Rusev.

Mais uma vez Rumen Petkov, presidente do partido Alternativa para o Renascimento da Bulgária (ABV), de centro-esquerda, declarou que a Bulgária pretende comprar o mais caro aspirador de pó do mundo.

"2.2 bilhões [de leves ou R$ 4,77 bilhões] para nos vendermos mais uma vez! Ou pela primeira vez como nunca antes", disse ele. Petkov também apelou aos compatriotas para decidirem se são "europeus ou criados".

"Conheci muitos criados, mas nunca fui um deles", disse Petkov e acrescentou que o partido "vai combater contra a lisonja".

Por sua vez, o ministro da Defesa da Bulgária, Krasimir Karakachanov, se ofereceu para ajudar o presidente no processo de negociação, não apenas para criticar o governo.

"O presidente poderia usar seu cargo para tentar comunicar-se com seu colega norte-americano e, se ele tiver algumas ideias, compartilhá-las e ajudar um pouco nesse processo. Criticar é fácil, difícil é fazer", disse ele.

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