Neste sábado (26), as partes envolvidas terão a oportunidade de falar sobre a questão em uma reunião especialmente convocada pelo Conselho de Segurança da ONU em Nova York.
O vice-diretor de programas da Rússia e da Eurásia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), Jeffrey Mankoff, disse à Sputnik que a situação em torno da Venezuela pode se tornar um novo ponto crítico nas relações entre Moscou e Washington.
"A Venezuela é certamente outro potencial ponto crítico para os Estados Unidos e Rússia. Muitos em Washington acreditam que o apoio da Rússia a Maduro é uma retaliação à intervenção dos EUA na Ucrânia e outros países da antiga União Soviética, região que a Rússia considera como sua área de influência, tal como os Estados Unidos tradicionalmente fazem na América Latina", acredita Mankoff.Para o analista, existe uma possibilidade real de que a situação em torno da Veneziuela fique fora de controle.
"A decisão dos Estados Unidos de não retirar seus diplomatas após a exigência de Maduro, na verdade, os tornam reféns. Como os EUA responderão a isso provavelmente será em grande parte determinado por eventos na política interna, mas se Washington tender a aumentar a pressão sobre Maduro ou se Maduro decidir prender ou, de qualquer outra forma, colocar em risco os diplomatas americanos, a possibilidade de intervenção militar é real", disse.
Devido a isso, os países que continuam apoiando o líder venezuelano, como a Rússia e a China, enfrentarão uma escolha difícil, reflete o especialista, comparando a situação com aquela em que Washington se encontrava quando Moscou decidiu "intervir em Kiev".
A esse respeito, o chefe do Centro de Interesses Globais em Washington, Nikolai Zlobin, também acredita que a situação em torno da Venezuela será usada de alguma maneira pelos EUA para continuar uma política antirrussa.
"Este é um tipo de discussão entre as pessoas em Washington, especialmente no Congresso, que são antirrussas. O argumento de que o presidente [da Rússia, Vladimir] Putin e a Rússia apoiaram o ditador [Maduro] será usado mais de uma vez, independentemente de como os eventos se desenvolvam na Venezuela. O fato de que os EUA e a Rússia têm estado em lados diferentes neste assunto certamente afetará a atmosfera, isso será outro problema nas relações", acredita Zlobin
O cientista político ainda lembra que a Venezuela, em virtude de sua posição, é um país relativamente próximo dos Estados Unidos, e a "postura dura" da Rússia sobre essa questão é vista por muitos americanos como" evidência da afinidade política dos dois regimes — suas características, objetivos e intenções".
Segundo ele, há pouco interesse em que os EUA e a Rússia tenham boas relações.
"A maioria dos americanos agora diz que para eles é indiferente, porque não há um único problema que os norte-americanos possam resolver com mais sucesso com a ajuda de uma aliança com a Rússia", conclui Zlobin.
No dia 23 de janeiro, tiveram início protestos de rua contra o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. No mesmo dia, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamou-se chefe de Estado interino, decisão que foi apoiada pelos EUA e vários outros países. Devido a isso, Maduro rompeu relações diplomáticas com Washington e exigiu que os diplomatas americanos deixassem o país em 72 horas. No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, recusou-se a reconhecer essa exigência, dizendo que Maduro não tem autoridade para tomar tal decisão.
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