Como Índia desfere golpe inesperado na economia norte-americana

© AP Photo / Carolyn KasterPresidente norte-americano, Donald Trump, durante discurso na Casa Branca em Washington, EUA, 8 de dezembro de 2018
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O governo da Índia introduzirá a partir do dia 31 de janeiro deste ano um imposto de 30% sobre diversos produtos agrícolas americanos - o equivalente a US$ 857 milhões (R$ 3,1 bilhões) em bens, ou seja, mais de um terço das importações de alimentos dos EUA.

Segundo o especialista Aleksandr Lesnykh, embora a China continue sendo a principal "inimiga" na guerra comercial com Washington, o presidente Donald Trump acabou por enervar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao anunciar tarifas sobre o aço e alumínio de 25% e 10%, respectivamente, em março de 2018. Para além da Rússia, China, UE, Japão e outros países, a decisão atingiu também as empresas metalúrgicas indianas.

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Além disso, a Índia também acabou sofrendo devido à cooperação técnico-militar com a Rússia, principalmente após a inclusão da empresa russa Rosoboronexport na lista de sanções americanas em abril do ano passado, forçando os bancos indianos a congelar uma parcela de US$ 2 bilhões (R$ 7,3 bilhões) destinada ao pagamento de serviços à Rússia.

No início de maio, Trump anunciou a sua retirada do acordo nuclear com o Irã, prometendo restaurar as sanções contra Teerã e todos aqueles que cooperam com as autoridades iranianas. Obviamente, isso também foi direcionado contra a China e a Índia, os dois principais compradores do petróleo iraniano, de acordo com o analista.

Segundo o Banco Mundial, o PIB da China em 2017 foi de US$ 12,2 trilhões (R$ 45 trilhões), enquanto o indiano foi de apenas US$ 2,6 trilhões (R$ 9,5 trilhões), incapacitando a Índia de responder simetricamente aos impostos dos EUA e entrar em confronto direto com Washington da mesma forma que a China.

Mesmo que Pequim e Nova Deli sejam rivais estratégicos na região da Ásia-Pacífico, a agressividade de Washington levou ambas as nações a elaborar medidas coordenadas contra a pressão dos EUA, principalmente no que se refere ao abandono do dólar em pagamentos de petróleo, substituindo-o pela moeda indiana.

Antes disso, o mesmo acordo havia sido alcançado com a Rússia. O vice-primeiro-ministro russo Yuri Borisov anunciou em novembro que o pagamento dos sistemas de defesa antiaérea S-400 comprados pela Índia seria feito em moeda russa. Também está prevista a expansão do comércio bilateral em moedas nacionais e em produtos civis.

Na prática, isso significa que, na arena do comércio exterior, a Índia não depende mais do dólar.

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Em 21 de dezembro passado, os ministros das Relações Exteriores da Índia e da China se reuniram na capital indiana e, logo depois, a mídia anunciou a introdução de impostos de importação sobre alguns produtos agrícolas norte-americanos, não excluindo que venham a ser igualmente estabelecidos sobre itens de ferro e aço, decisão que pode ser mais que uma coincidência.

Dessa forma, a partir de agora, as duas maiores economias na região da Ásia-Pacífico, responsáveis por cerca de 20% das importações dos EUA e 12% das exportações, agem contra Washington em conjunto, dificultando ainda mais a balança comercial americana.

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