Coreia do Norte estaria criando aliança com Venezuela e Cuba contra hegemonia dos EUA?

© REUTERS / Miraflores PalacePresidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, Kim Yong-nam, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante o encontro em Caracas, 27 de novembro de 2018
Presidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, Kim Yong-nam, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante o encontro em Caracas, 27 de novembro de 2018 - Sputnik Brasil
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, encontrou-se em 27 de novembro com o presidente da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte, Kim Yong-nam. Na turnê do alto funcionário norte-coreano estão previstas também visitas a Cuba e ao México. Analistas comentam os possíveis objetivos da viagem oficial.

A chegada de Kim Yong-nam marca um novo passo nas relações entre Pyongyang e uma região tão distante, sublinha a matéria da Sputnik Mundo.

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O desenvolvimento das relações entre a Coreia do Norte e a América Latina foi notado já no início de novembro com a visita do presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, à Coreia do Norte.

O encontro resultou na firmação de dois acordos de entendimento e cooperação política, consultas políticas em assuntos de interesse comum e abolição de vistos para titulares de passaportes diplomáticos e de serviço.

Segundo o cientista político venezuelano Walter Ortiz, o objetivo que procuram tanto a Venezuela como a Coreia do Norte é aprofundar os laços políticos e diplomáticos bilaterais.

O analista sublinha que os dois países há algum tempo que estão fortalecendo as relações, especialmente na política, e a visita de Kim Yong-nam é um sinal de avanço nas relações exteriores.

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Porém, destacou Ortiz, esta tendência contraria os interesses dos Estados Unidos. O presidente norte-americano Donald Trump deixou claro que pretende restaurar a doutrina Monroe ("A América para os americanos").

"A Coreia do Norte quer construir com a América Latina linhas de laços socioeconômicos e políticos sem a exclusiva interferência dos interesses estratégicos dos Estados Unidos", acrescentou.

A visita de Kim Yong-nam a alguns países da América Latina dá espaço para a possibilidade de abrir o tema militar. Mas, segundo o analista, os assuntos militares não vão ser a área exclusiva de cooperação entre Pyongyang e a América Latina.

Em busca de aliança clandestina?

Para Yevgeny Kim, especialista da Academia de Ciências da Rússia de origem coreana, a visita de Kim Yong-nam tem por fim, em primeiro lugar, estreitar os laços da Coreia do Norte com os países que optaram pelo caminho de desenvolvimento socialista.

"Coreia do Norte, Venezuela e Cuba obviamente recorrerão a uma política que não está de acordo com os interesses norte-americanos […] Está claro que Washington não gosta nada quando estes três países tentam coordenar suas ações a um nível tão alto", falou Kim para a Sputnik Mundo.

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O especialista frisou que no momento os três países não possuem força suficiente para criar uma aliança contra os EUA. Por outro lado, ele duvida que Washington possa acusar as três nações de estarem idealizando uma aliança clandestina contra ele.

"Atualmente, a cooperação militar entre Cuba e Coreia do Norte é insignificante: trata-se da compra-venda de armas ligeiras e parcialmente de sistemas de artilharia de curto alcance", disse Kim, comentando possíveis intercâmbios na área de defesa.

Quanto à visita de Kim Jong-un à América Latina, esta parece pouco provável por razões de segurança, afirmou Kim e lembrou o problema de transporte do líder norte-coreano. Em particular, citou a viagem de Kim Jong-un a Singapura, quando Kim não utilizou o seu próprio avião, mas uma aeronave chinesa.

Embora a visita do líder norte-coreano à América Latina ainda pareça impossível, o primeiro país que visitará será seguramente Cuba, concluiu.

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