EUA vs Arábia Saudita: devemos esperar um 'cenário apocalíptico'?

© REUTERS / Jonathan ErnstRei da Arábia Saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud sauda o presidente norte-americano Donald Trump and a primeira dama Melania Trump quando eles chegam ao Aeroporto Internacional Rei Khalid em Riad, Arábia Saudita, maio 20, 2017
Rei da Arábia Saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud sauda o presidente norte-americano Donald Trump and a primeira dama Melania Trump quando eles chegam ao Aeroporto Internacional Rei Khalid em Riad, Arábia Saudita, maio 20, 2017 - Sputnik Brasil
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Passaram duas semanas desde o desaparecimento e possível morte do famoso jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul. Donald Trump declarou que os EUA pretendem resolver a situação, e se vier à tona que Riad tem algo a ver com sua morte Washington ficará muito decepcionado.

Ao mesmo tempo, Trump afirmou que não vai desistir dos contratos bilionários de venda de armas firmados com Riad. Muitos congressistas americanos, por sua vez, tomaram uma posição dura quanto à Arábia Saudita, ameaçando com sanções e apelando a que o presidente limite o apoio militar aos sauditas.

Em entrevista à Sputnik França, analistas avaliaram a possível reação de Washington e Riad a esta situação.

Jamal Khashoggi - Sputnik Brasil
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Especialista em assuntos do Oriente Médio, Grigory Kosach, lembra que antes a Arábia Saudita já teve disputas com a Suécia e a Alemanha, que puseram em questão seu comprometimento em garantir os direitos humanos, e o recente conflito diplomático com o Canadá. No início de outubro Ottava expressou preocupações pela detenção de ativistas de direitos humanos na Arábia Saudita e exigiu sua libertação. Em resposta, Riad expulsou o embaixador canadense e suspendeu novos acordos com o Canadá.

Porém, acredita ele, Riad não tomará as mesmas medidas em relação a Washington. Apesar de na mídia saudita aparecerem notícias sobre um possível "cenário apocalíptico" da situação, a Arábia Saudita esperou muito pelo fim da presidência de Obama e a candidatura de Trump foi para Riad uma lufada de ar fresco.

"Foi à Arábia Saudita que Trump fez sua primeira visita, foi com os EUA que [Riad] firmou acordos bilionários. Trump anunciou uma nova estratégia em relação ao maior inimigo da Arábia, o Irã, e saiu do acordo nuclear iraniano. Tudo isso foi importante para os sauditas", explica o analista.

Levando esses argumentos em consideração, Kosach duvida que Trump tome medidas radicais contra Riad, assim como Riad não dará uma resposta dura a Washington, "ou seja, a situação não se desenvolverá para um cenário apocalíptico".

Além disso, sublinha o especialista, a Arábia Saudita ainda não anunciou oficialmente uma possível retaliação a eventuais sanções americanas.

President Donald Trump shows a chart highlighting arms sales to Saudi Arabia during a meeting with Saudi Crown Prince Mohammed bin Salman in the Oval Office of the White House, Tuesday, March 20, 2018, in Washington - Sputnik Brasil
Trump promete 'punição severa' se Arábia Saudita estiver por trás da morte de jornalista
Pelo contrário, o embaixador saudita em Washington, um dos filhos do rei, já agradeceu a todos os que estão assumindo uma posição moderada quanto ao caso de Khashoggi e saudou o fato de muitas empresas, incluindo militares, irem participar de um fórum de investimentos que decorrerá em Riad.

Outro interlocutor da Sputnik, Yuri Rogulev, especializado em assuntos dos EUA, acredita que Washington não vai ignorar o que aconteceu com o jornalista, que nos últimos anos vivia nos EUA e trabalhava para uma das maiores edições, The Washington Post, mas acha difícil prever até que ponto será severa uma possível retaliação.

"Estamos vendo que Trump está manobrando, pois há pouco esteve com uma visita na Arábia Saudita, da qual falou como o maior sucesso e avanço, e de fato ele assinou um contrato de 100 bilhões de dólares […] e não gostaria de desistir deste resultado. Por outro lado, os EUA não poderão ficar totalmente de lado, é uma tarefa muito complicada", concluiu.

Desaparecimento de Khashoggi

Jamal Khashoggi, colunista do jornal Washington Post, que vivia nos EUA desde 2017, foi dado como desaparecido em 2 de outubro.

Turkish police barriers block the road leading to the Saudi Arabia consulate in Istanbul, Sunday, Oct. 7, 2018 - Sputnik Brasil
Polícia realiza buscas no consulado saudita em Istambul
O jornalista foi gravado por câmeras quando entrava no consulado saudita em Istambul.

De acordo com a sua parceira, uma cidadã turca com quem ele iria se casar, Khashoggi foi convidado para o consulado para obter os documentos necessários para seu casamento e ela ficou do lado de fora do prédio esperando por ele.

Riad diz que Khashoggi desapareceu depois de deixar o consulado, mas a parte turca, que participa da investigação, alega que o jornalista teria sido torturado e depois morto e desmembrado no prédio do consulado.

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