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Febre de oropouche é novo zika vírus? Para especialista ainda é cedo soar o alarme

© Sputnik / Valeriy Melnikov / Acessar o banco de imagensCentro Antidoping: colheita de amostras de sangue para análise (foto de arqvuio)
Centro Antidoping: colheita de amostras de sangue para análise (foto de arqvuio) - Sputnik Brasil
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Segundo virologista, o vírus, antes restrito à região Amazônica, pode encontrar formas de se espalhar pelo resto de país. Apesar do risco, isso está longe de acontecer.

O Congresso Medtrop, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, discutiu neste mês, entre outros assuntos, a possibilidade de um surto de febre de oropouche no Brasil. O estudo é feito por especialistas da Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto). O Brasil está preparado, ou se preparando, para combater mais um surto de doença tropical?

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Segundo a Fiocruz Amazônia, uma pesquisa feita em parceria com a Vigilância Sanitária do Amazonas identificou a presença do vírus em amostras de sangue colhidas em 20 municípios do estado. Dois casos da doença já foram comprovados na Bahia.

Sputnik Brasil conversou sobre o tema com doutror e virologista Eurico de Arruda Neto sobre esse fonômeno. Para ele, o assunto está sendo tratado com alarmismo desnecessário.

"A febre do oropouche é reconhecida no Brasil desde o começo da década de 60. Portanto, tem 60 anos que a gente conhece esssa doença", explicou o especialista.

A febre do oropouche é uma infecção, causada por um arbovírus, ou seja, transmitido principalmente por mosquitos. Recebeu o seu nome em homenagem à localidade onde foi descoberto, em Trinidad e Tobago, chamada Vega de Oropouche.

"Desde então, se descobriu que esse vírus não é um vírus de Trinidad e Tobago. Foi encontrado lá pela primeira vez por acaso. Na verdade é um vírus muito mais continental, da América do Sul. Principalmente do Brasil, da região Amazônica". 

O vírus é transmitido na floresta por insetos e nas regiões urbanas, no norte do país, pelo mosquito maruim (Culicoides paraensis), também conhecido como borrachudo.

No entanto, recentemente um caso de oropouche foi comprovado em uma paciente que viajou de Ribeirão Preto para Porto Seguro, no sul da Bahia. E um outro caso, de um macaco que foi encontrado morto no município de Arinos, em Minas Gerais, na fronteira com Goiás. A aparição do oropouche fora da região Amazônica fez soar os alarmes na imprensa. A situação, no entanto, deve ser analisada com mais cautela, argumentou o virologista.

"Isso significa uma epidemia? Não. Eu digo o seguinte: são sinais de fumaça que prenunciam que o vírus não é estritamente da Amazônia e pode se adaptar à outras regiões. Desde que os insetos dali estejam adaptados à sua transmissão", afirmou o doutro Eurico. 

Segundo ele, em laboratório, já foi constatado que outros tipos de mosquito podem servir de transmissor. Ou seja, existe motivo para preocupação, mas ainda se trata de uma possibilidade.

Na Amazônia os surtos de oropouche afetam dezenas de milhares de pessoas, principalmente no Pará, Maranhão e Amazonas.

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"Quando se soma os casos, a estimativa é que já tenha havido meio milhão de pessoas infectadas por esse vírus na Amazônia", disse o entrevistado pela Sputnik Brasil.

A doença ainda não tem tratamento. Os infectados apresentam forte febre, dores de cabeça e fotofobia. Em caso de infecção, o tratamento é sintomático, com analgésicos e antitérmicos. 

De toda forma, grupos de pesquisa estão estudando a doença e tentam desenvolver uma vacina para a febre do oropouche, como o de Patogênese Viral do Centro de Pesquisa de Virologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Eurico de Arruda Neto é coordenador desse laboratório.

No entanto, ainda não é possível fazer previsões, pois além de toda a fase de estudos, a pesquisa científica no Brasil vem sofrendo cortes.

Além do Brasil, casos de febre oropouche, foram constatados no Peru e no Caribe em geral.

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