O que estaria empurrando Trump a intervir militarmente na Síria?

© REUTERS / Kevin LamarqueO Secretário de Estado, Mike Pompeo, ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump durante reunião de gabinete em Washington (agosto de 2018)
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A turbulência nos EUA entre o presidente Donald Trump e o establishment, que tenta "decapitar" o líder por todos os meios, podem conduzir a uma "mudança de regime" em Washington e levar Trump a desencadear uma guerra na Síria para distrair as atenções na véspera das eleições, opina o colunista da Sputnik citando diversas mídias internacionais.

O autor do artigo, Alfredo Jalife-Rahme, analisa publicações de vários analistas, em busca de resposta se Trump poderá intervir militarmente na Síria nos meses mais próximos, enquanto o presidente sírio Bashar Assad tenta recuperar a estratégica província de Idlib com a ajuda da Rússia e do Irã.

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Segundo lembrou Pat Buchanan, assessor de três ex-presidentes norte-americanos — Nixon, Ford y Reagan —, Trump recentemente mudou a estratégia na Síria e os EUA não deixarão este país em breve, mantendo seus 2 mil soldados no seu território até que todos os militares iranianos e forças ligadas ao Irã saiam da Síria.

Jalife-Rahme sublinha também que várias fontes citam a posição belicista de James Jeffrey, que foi nomeado representante especial americano para a Síria pelo atual secretário de Estado, Mike Pence, ex-diretor da CIA que, por sua parte, afirmou antes que os "EUA não tolerarão um ataque" em Idlib, segundo o The Washington Post.

O colunista da Sputnik Mundo recorda que James Jeffrey foi pesquisador do Institute for Near East Policy (WINEP), praticamente uma filial do sobejamente conhecido Comitê Israelense-Americano para Assuntos Públicos (American Israel Public Affairs Committee), que praticamente aplica as exigências do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

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Pat Buchanan aponta para o belicismo do jornal americano The Washington Post e de James Jeffrey em relação à província síria de Idlib, onde "os Estados Unidos poderiam vir a enfrentar militarmente as forças da Rússia e da Síria para obrigá-las a recuar".

Neste sentido, ele cita a recente cúpula trilateral entre a Rússia, a Turquia e Irã em Teerã, em que Vladimir Putin e Hassan Rouhani disseram ao presidente turco Erdogan que a reconquista de Idlib segue seu curso.

O ex-assessor sublinhou que "a coalizão entre Assad, Putin e Rouhani decidiu aceitar o risco de um enfrentamento com os norte-americanos para pôr fim à rebelião" e que agora a bola está do lado dos EUA.

Poderá Trump atacar a Síria para se salvar na véspera das eleições?

Philip Giraldi, ex-funcionário da inteligência militar da CIA, citado pelo autor, adverte que "uma nova guerra" dos EUA na Síria pode representar a "surpresa de outubro" de Trump com o fim de salvar seu cargo e animar os partidários na véspera das eleições intercalares de 6 de novembro. Estas eleições poderão ser desfavoráveis para o presidente na Câmara dos Representantes, onde o Partido Democrata poderá obter a maioria.

Girald recorda que há um ano os EUA descreveram a província de Idlib como "o maior refúgio seguro da Al-Qaeda desde 11 de setembro", mas que agora Trump "está tentando salvá-la".

O ex-funcionário da CIA, citado pelo colunista da Sputnik, acredita que Washington estaria pretendendo usar Trump para "iniciar uma guerra com o fim de mobilizar o país em torno de seu governo".

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Como a Coreia do Norte possui armas nucleares, "os objetivos óbvios para uma guerra seriam o Irã e a Síria", mas como o Irã também não "é um inimigo fácil de derrotar", acredita-se que uma intensificação dos atuais esforços militares na Síria seria preferível.

Para Giraldi, "o establishment de Washington e seus manipuladores israelenses estreitaram as opções para lidar com a Síria e seu defensor regional, o Irã" e se estão dirigindo para uma guerra, que serviria de salva-vidas para as eleições de meio de mandato perante o fracasso que Trump está enfrentando e que poderá levar inclusive à própria "mudança de regime" nos EUA.

Concluindo, o colunista cita a opinião de Alastair Crooke, ex-agente secreto britânico, segundo o qual, com tantas frentes abertas no interior e exterior, desde a comercial até à militar, "os Estados Unidos tentam manter sua posição de superpotência e de falar alto e forte". O problema é que Washington se encontra emerso em "uma grave crise interna constitucional e política (e financeira, nos meses que vêm)". Isto é, os EUA, segundo ex-agente britânico, dispõem de um grande poderio militar, "mas politicamente seu poder está fragmentado em campos inimigos, abertamente em guerra".

A opinião do autor pode não necessariamente corresponder à opinião da Sputnik

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