Força de defesa europeia: cópia da OTAN destinada ao fracasso?

© AFP 2023 / Anne-Christine PoujoulatMilitares franceses ao lado dos caças Rafale no convés do porta-aviões Charles de Gaulle no Mar Mediterrâneo
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Nesta semana, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, discutiram a criação de uma força de defesa conjunta europeia, alcançando, segundo a ministra da Defesa francesa Florence Parly, um avanço no assunto. Especialista francês comentou à Sputnik os planos de defesa da União Europeia.

O cientista francês e professor da Universidade de Sorbonne, Christophe Réveillard, acredita que por enquanto não há razões para ver o projeto com otimismo.

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Segundo ele, a concepção de defesa europeia não é original, copiando os documentos da OTAN. Ainda por cima, os poucos projetos que já foram realizados dificilmente podem ser denominados europeus, pois envolvem apenas três a quatro países.

"Aquilo a que chamam de projetos europeus são na verdade projetos realizados por três ou quatro países, pois apenas três ou quatro países da União Europeia possuem uma indústria de defesa com nível suficiente", opinou Réveillard.

O analista sublinha que a estratégia desenvolvida pela UE é muito duvidosa, sendo uma cópia da OTAN.

"A União Europeia é incapaz de elaborar uma estratégia. Se vocês analisarem a estratégia proposta por [chefe da diplomacia europeia] Federica Mogherini […] verão que ela é na verdade um copy-paste da OTAN. Se alguém cria uma força de defesa, é preciso antes de tudo elaborar uma estratégia. Uma estratégia que não temos", disse o especialista à Sputnik França.

As medidas que já foram tomadas no âmbito da iniciativa de uma defesa europeia comum não passam, para Réveillard, de um "logro". O analista lembra que "a única proposta valiosa" já feita, ou seja, uma força de ataque com 50 mil efetivos, rapidamente perdeu força e apoio e acabou sendo realizada pela OTAN.

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Não são apenas os analistas que acham o projeto de uma defesa conjunta da UE pouco provável. Os próprios militares, segundo o professor francês, duvidam da necessidade de tal estrutura, pois a maioria das possíveis operações fora da Europa serão realizadas junto com as forças da Aliança.

"Quando você fala com militares franceses sobre uma força de defesa europeia, eles riem na cara, perguntando para quê criar uma defesa europeia, se nossa estrutura dentro da OTAN funciona e para quê fazer isso se resultará pior, junto com a UE e exércitos que não estão coordenados entre si a nível europeu?", conclui o autor.

Em setembro, o presidente da França, Emmanuel Macron, propôs um plano para criar uma força de defesa conjunta europeia que protegeria a Europa agindo em pontos críticos em todo o mundo. Segundo Macron, a força de defesa conjunta deveria complementar a OTAN em vez de substituir a Aliança. Originalmente, Berlim estava cética em relação à ideia, mas no início de junho a chanceler alemã, Angela Merkel, expressou seu apoio à iniciativa.

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