A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou no palácio presidencial, no dia 26 de abril, que seu país vai buscar os trâmites para abandonar a OEA. "Venezuela se retira da OEA por dignidade, para sua independência, para sua soberania, para a paz e futuro da nossa pátria", escreveu ela depois em seu Twitter. A decisão foi tomada logo após a OEA resolver convocar uma reunião entre os chanceleres dos 34 países integrantes para tratar a situação do país caribenho.
"Venezuela devia ter saído desta organização tão rápido como quando aprovou sua Constituição bolivariana em 1999, ou em 2002 quando a OEA estimulou o golpe de Estado contra Hugo Chávez. É uma saída atrasada", diz à Sputnik Mundo Rodríguez Gelfenstein.
Além disso, Gelfenstein indicou que outra razão da decisão tomada pelo Governo de Maduro tem a ver com a história. A OEA surgiu em 1948, um ano depois do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) que, entre outras coisas, estabelece que una agressão armada contra um Estado da região será considerado como um ataque contra todos os Estados da América. As partes se comprometiam a fazer frente ao ataque em exercício do direito imanente de legítima defesa individual ou coletiva. Porem, durante a Guerra das Malvinas entre Argentina e uma potência de fora da região, ou seja, Reino Unido, o TIAR no foi cumprido e os Estados Unidos apoiaram abertamente o seu aliado da OTAN.
Para o especialista, o organismo interamericano faz parte de uma estrutura dos EUA para levar a cabo "seu modelo de controle e domínio" na América Latina e Caribe. "A OEA só serviu para promover, justificar, organizar e aprovar todos os desmanes, invasões e barbaridades que os EUA cometeram na região. Não é uma estrutura de iguais, onde todos possuem um mecanismo da participação equitativa. Sua sede está em Washington e 50% de suas intenções são postas pelos EUA", explicou Gelfenstein.
Sobre as possíveis consequências desta saída, o especialista foi categórico: "Almagro, através da OEA, vai começar a pressionar por uma intervenção mais profunda na Venezuela, incluso a intervenção militar. Essa consequência seria mais grave."